Reflexões

Quando os sonhos morrem

A longevidade, sem sombra de dúvida é uma bênção de Deus. Inclusive, Deus prometeu esta benção para aquele que cumpre o Seu mandamento de honrar pai e mãe. Podemos dizer que Deus tem prazer em abençoar os seus com vida, mas Ele também enxerga valor na morte daqueles que Lhe pertencem, pois “preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos”(Salmos 116:15). Parece um paradoxo para alguns, pois o mesmo Deus que abençoa com vida longa os que lhe obedecem, também acha preciosa a morte desses seus amados. Porém, o fato Dele enxergar valor na colheita dos seus, não significa que isso lhe dá prazer na morte, pois Deus não tem prazer na morte de ninguém.

“Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei” (Ezequiel 18:32).

Podemos dizer que uma coisa é Deus ver preciosidade na morte dos seus santos e outra coisa é Ele ter prazer na morte. O Senhor não tem prazer nem na morte dos perversos.

“Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? — diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?” Ezequiel 18:23 (RA)

“Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33:11).

Deus vê valor na morte dos seus, mas não tem prazer na morte de ninguém. Ele pode recolher os seus amados antes da calamidade – “… pois o justo é levado antes que venha o mal” (Isaías 57:1), mas mesmo assim não tem prazer na morte, pois Deus não criou o homem para que ele experimentasse a morte. Deus criou o homem para a vida eterna. O Senhor acha preciosa a morte dos seus santos por conta do valor que Ele dá a eternidade na Sua presença Santa.

Os judeus tinham a mentalidade de que, quando alguém morria cedo, era devido ao pecado e Jesus teve de corrigir esta visão. Ele explicou que a morte é uma questão de tempo. Todos pecaram, logo todos passarão por ela um dia, exceto é claro, os que estiverem vivos e em Cristo durante a Sua volta, pois estes serão transformados durante o arrebatamento e portanto, não experimentarão a morte física. 

Jesus morreu jovem e num madeiro como maldito. Provavelmente, muitos que assistiram aquela cena atribuíram pecado a Ele. Pois era maldito os que morriam no madeiro. O Senhor morreu daquela forma e naquela idade por que assumiu um lugar que não era Dele. Ele se fez maldito em nosso lugar para que a bênção chegasse a nós e uma vez que nunca pecou, a morte não pode prende-Lo, ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia.

Ainda que a longevidade seja uma bênção de Deus, não significa que a morte prematura seja em todos os casos um tipo de maldição; haja visto, a morte de Estevão e de outros mártires da igreja do Senhor. Deus vê diferente, e o mais importante é como Ele vê. Os valores do Senhor são diferentes dos nossos. Paulo afirmou em 1 Coríntios 15:19:

“Se a nossa esperança em Cristo está somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.

A morte, para quem está em Cristo, é apenas uma passagem para a eternidade com Deus. Devemos nos lembrar que é infinitamente mais importante morrer em Cristo do que viver uma vida longa, ou mesmo passar a eternidade, longe Dele.

Vários cristãos dos primeiros séculos, compreendendo esta verdade, preferiram morrer jovens a ter que negar a Cristo e se separar Dele para sempre. Sendo assim o mais importante não é viver muito nesta terra, mas viver por Cristo e para Ele. Pois Ele nos prometeu uma eternidade junto ao Pai. Logo, o que são 120 anos comparados à eternidade? 

O apóstolo também consolou os irmãos de Tessalônica para que eles não vivessem como os incrédulos que se desesperavam ante a morte dos seus.

“Agora, irmãos, não queremos que ignorem o que acontecerá aos que já morreram, para que não se entristeçam como aqueles que não têm esperança. Porque cremos que Jesus morreu e foi ressuscitado, também cremos que Deus trará de volta à vida, com Jesus, todos os que morreram. Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor: nós, os que ainda estivermos vivos quando o Senhor voltar, não iremos ao encontro dele antes daqueles que já morreram. Pois o Senhor mesmo descerá do céu com um brado de comando, com a voz do arcanjo e com o toque da trombeta de Deus. Primeiro, os mortos em Cristo ressuscitarão. Depois, com eles, nós, os que ainda estivermos vivos, seremos arrebatados nas nuvens ao encontro do Senhor, nos ares. Então, estaremos com o Senhor para sempre. Portanto, animem uns aos outros com essas palavras” (I Tessalonicenses 4:13-18).

Por isso amados, entendam que há uma grande diferença entre ter ou não esperança viva na ressurreição dos mortos.

Entretanto, ainda resta uma pergunta no ar quando vemos sonhos sepultados (Brumadinho), sonhos afogados (Salas) e sonhos queimados (CT do Flamengo). Por que Deus permite tamanha dor e tragédia acontecer? 
Talvez a melhor pergunta não seja porque, mas pra quê.

Qual é o propósito de Deus em consentir tanta tristeza e dor com a partida de entes tão queridos?

Todo sofrimento pode nos levar para Deus, nos manter como estávamos ou nos afastar de Deus. Parece aquela história dos três homens no cárcere. Um escravo condenado injustamente, um padeiro e um copeiro. Um deles, o padeiro, saiu para a morte. Outro, o copeiro, saiu para viver a mesma vida de antes e o terceiro, José, saiu para governar. Um escravo que despertou um dia no cárcere e foi dormir no palácio.

O sofrimento pode nos fazer reinar em vida. O sofrimento pode nos levar para Deus. Se isso acontecer, poderemos dizer como o salmista: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição…” (Salmos 119:71a). Quem pode dizer algo semelhante? Somente aquele que aprendeu algo eterno com o sofrimento – “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Salmos 119:71).

Se ao passarmos pelo vale da sobra da morte não aprendermos nada, se a dor nos afasta de Deus ou nos mantém medíocres, o sofrimento apenas nos deixará mais duros.

Outro propósito da morte é provar, quebrantar os vivos. Mas infelizmente, muitos, por causa do orgulho, seguem endurecidos e enganados pelo próprio pecado.

Entendam o seguinte: Uma das maiores tragédias que cairá sobre a terra tem hora, dia, mês e ano marcados (Ap 9:15). Ela acontecerá ao som da “sexta trombeta”. Em geral esta trombeta é esquecida. Tem até gente que pensa que irá viver a última trombeta sem passar por ela. A maioria da igreja anela ser arrebatada ao soar da última trombeta (sétima), sem ouvir a penúltima (sexta). O cenário da tragédia anunciada pela sexta trombeta, quando lemos em Apocalipse, parece uma terceira guerra mundial orquestrada por quatro anjos que estavam presos e que só foram soltos para matarem 1/3 da população do mundo. Se fosse hoje, seriam mais de dois bilhões de seres humanos. Um exército vermelho com duzentos milhões de soldados marchará sobre a terra. Será um tempo de muita dor e sofrimento. Mas no final dos flagelos, João profetizou o seguinte:

“Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos” (Apocalipse 9:20-21).

Em Cristo,
Sérgio Franco

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