Reflexões

O que você ainda não aprendeu sobre submissão

Recentemente, em conversa com um casal, observei a dificuldade da esposa em compreender o que era submissão ao marido. Ela nos explicava, a Denise e a mim, como procedia com seu esposo e ao fim concluímos que, de fato, ela não se submetia, mas quando compreendia aquilo que o marido queria fazer, e, havendo concordância, combinava e executava a vontade do marido. A coisa parecia mais um ACORDO BILATERAL ou uma COMBINAÇÃO IGUALITÁRIA.

Diante disso pensei em citar o texto de Paulo aos Efésios:

Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido” (Efésios 5:24).

Aí, me deparei com outro problema: Embora saibamos que posicionalmente a igreja “está sujeita” ao senhorio de Cristo, não conseguimos ver experimentalmente a igreja sujeita a Cristo. Alguém poderia perguntar como isso seria possível, no entanto, as Escrituras falam sobre:

“Todas as coisas sujeitaste debaixo dos Seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do Seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a Ele sujeitas” (Hebreus 2:8).

Posso estar equivocado na minha forma de ver, mas ficam as perguntas: A igreja moderna manifesta sua sujeição ao Senhorio de Cristo? Será que aquela mulher poderia olhar para a “submissão” da igreja e aprender a ser submissa em “tudo” ao seu marido? A igreja dos nossos dias está submissa a Cristo ou vive, como a maioria das esposas, um ACORDO BILATERAL, ou seja, quando concorda, aceita?

Eu creio que não apenas as esposas só aceitam quando concordam. Esta é a conduta também de muitos filhos. Desde criança, alguns pais explicam nos mínimos detalhes as suas ordens para que a criança obedeça. Quando adolescente, com o caldo já derramado, a situação fica ainda mais crítica. Alguns filhos crentes relutam em obedecer aos seus pais.

“Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo” (Efésios 6:1).

Importante também salientar que há uma diferença entre obediência e submissão. As esposas devem submissão enquanto os filhos devem obediência. Embora a submissão obedeça, não é a mesma coisa. Para os filhos, as ordens devem ser muito claras. Quando esperamos obediência dos filhos, precisamos ser claros nas ordens. No entanto, para a esposa, evitamos dar ordens. Chega ser uma vergonha, um marido ordenar sua esposa. A submissão é sublime. Ela não espera ordens. Ela conhece o coração da autoridade e faz o que lhe agrada. A submissão não é obediência por medo das consequências, mas é o fruto de um coração quebrantado. A submissão obedece por respeito e honra. A submissão se compromete com a causa. A carne por seu orgulho nato rejeita todo tipo de autoridade e abomina a obediência. Alguns crentes dizem que só obedecem a Deus. Se isso fosse verdade, obedeceriam aqueles a quem Deus ordenou que fossem obedecidos. Aqueles que estão investidos de autoridade. (Romanos 13; Hebreus 13:17). Jesus chamou de hipócritas aqueles que desonravam seus pais com desculpas “espirituais” que no fundo eram apenas preceitos humanos (Mt 15:4-8).

Uma pessoa submissa pode até não obedecer em algum momento a sua autoridade terrena, quando as ordens destas autoridades conflitam com a vontade de Deus, como foi o caso de Daniel e dos apóstolos, que escolheram obedecer a Deus ao invés de obedecer aos homens. No entanto, em nenhum deles, havia o orgulho da carne imperando, pelo contrário, eram homens de corações quebrantados. No caso de Daniel, até o rei se entristeceu ao vê-lo condenado à cova dos leões.

No dia 28 de dezembro de 2015, despertei alta madrugada com a mente cheia de uma pensamento: “eu me esforço tremendamente para ensinar e animar as irmãs casadas à submissão. Eu gasto um tempo explicando a importância da submissão. Falo tão bem da submissão! Falo que submissão não é ser menor, mais fraco, etc. Digo que submissão é estar debaixo da missão. Que só uma mulher forte pode sustentar a missão do esposo, e por aí adiante. Sigo exaltando a submissão para que enfim, elas não se sintam menosprezadas por “ela”. Enquanto pensava sobre isso, me veio o seguinte mandamento: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Filipenses 1:27).  Se Deus deseja que nos consideremos “menores”, por que gasto tanto tempo tentando convencer as irmãs que submissão não é ser “menor” ou ainda que submissão é uma grande e nobre condição? Perdi o sono!

Eu sei que muitas mulheres não confiam na direção de seus esposos. Algumas com razão e outras não. Mas tudo isso é apenas uma desculpa da carne orgulhosa. Na verdade, ninguém deseja se submeter, nem as mulheres e nem os homens, pois a submissão é “humilde” e nós não queremos nos humilhar. Ainda que digamos que só nos humilhamos para Deus, isso é um ledo engano, como disse, se nós realmente nos humilharmos para com Deus, seremos confrontados do nosso orgulho e passaremos a ver os irmãos com os olhos do Pai. Como não tomar a toalha e servir aos nossos irmãos, quando o Nosso Modelo, não apenas o fez, mas nos recomendou também a fazê-lo? Como imitar ao Senhor Jesus sem considerar que Ele foi um servo? Que o Leão da Tribo de Judá, era também o “Cordeiro” de Deus, Manso e Humilde de coração?

A falta de confiança das esposas pode se libertar na prática do conselho de Pedro: “ganhar os maridos que não obedecem a Palavra, sem palavras”. O problema é se humilhar, pois é tremendamente humilhante se calar e seguir esperando, orando e servindo. Uma mulher humilde seria capaz de ganhar o esposo que não obedece a Palavra, sem palavras, em silêncio e mansidão. Onde isso pode chegar? A fé neste mandamento pode quebrantar um marido e fazer com que ele considere o conselho de sua esposa, mais do que Naamã considerou a direção que os escravos lhes deram. Um líder humilde não preside sem o conselho dos seus liderados.

Acho que a igreja não é modelo de submissão porque alguém submisso ao Senhor é coisa “rara” em nossos dias. Quando conhecemos um discípulo de Jesus de verdade, ficamos com a impressão de que ele é um “super-crente”, um “super-espiritual”. Até parece que não é a vida normal da igreja viver em submissão a Cristo e às autoridades constituídas por Ele. Se no Brasil existem mais de 40 milhões de cristãos, definitivamente, a igreja “ainda” não é modelo de submissão para nenhuma esposa.

Que o Pai nos quebrante profundamente e nos leve a experimentar ainda nesta geração a verdadeira submissão ao Senhor para que a igreja seja no presente século modelo para as esposas cristãs.

“e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão”.
(2 Coríntios 10:6)

Sérgio Franco
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