Família

Seu casamento pode ser revolucionado!

Se você tivesse que resumir em poucas palavras o princípio básico para se dar bem com seu cônjuge, o que você diria? Pensemos em uma regra prática ,que sirva tanto para quando tudo está bem como também para quando surgem problemas.

Muitas vezes escutamos alguns conceitos populares a respeito:

– “Não se deixe manipular por sua mulher”
– “Não deixe faltar o respeito com você” (dirigido à mulher).
– “Não conte tudo porque algum dia será usado contra você” (diriam algumas pessoas com certa experiência).
– “Não deixe que a raiva dure três dias”
– “Nunca insulte ou maltrate o seu cônjuge, seja verbal o fisicamente.”
– “Não seja ciumenta; pois vai afastá-lo.”
– “Ame-a ferventemente” (diriam outros que podem ter tido algum sucesso em seu casamento).

Eu tenho feito essa pregunta a muitos casais, sejam os que estão a ponto de casar ou que já estejam casados. E eles me responderam:

“A comunicação é fundamental”.
“Tem que haver respeito mútuo”.
“Não devemos nos ferir com palavras, nem de qualquer outra forma”.

Mas, e se perguntássemos a quem inventou o casamento? Ele disse: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Mateus 7:12).

Alguém dirá: “Ah, ,as essa é a regra de ouro”. É sim! Creio que é o princípio bíblico mais conhecido e menos aplicado pelos cristãos. Creio que se trata de um princípio revolucionário para nossas relações inter-pessoais. E, obviamente, a relação mais forte entre duas pessoas é a que se dá no casamento.

Este princípio foi previamente enunciado por gregos e judeus, mas de forma inversa: “Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você”. Digamos que este é o clássico “não se meta”. Se você não gosta que te insultem, não insulte. Se você não gosta que te ignorem, não ignore aos demais, e assim em outros casos. Mas o Senhor dá a esse princípio um sentido inesperado: “Façam com os demais o que vocês querem que eles façam com vocês”. É uma mudança positiva cuidar de compreender o outro para saber como amá-lo da maneira que ele necessita ser amado.

Se eu pensasse: “Devo amar minha esposa desta maneira. Como fazer isso? Já sei! Eu queria que minha esposa me acompanhasse vendo uma partida de futebol, por isso vou convidá-la”. Não. A ideia é tratar de descobrir o que ela gosta e amá-la dessa maneira, não da minha. Há coisas que ela gosta e eu não.

Uma mulher que não gostava de futebol (como a maioria) investiu uma boa quantidade de dinheiro e de tempo em ir com seu esposo assistir algumas partidas. Alguém lhe perguntou: “Você gosta tanto de futebol?”. “Não”, respondeu ela, “mas eu gosto do meu esposo”.

Ou seja, a regra de ouro poderia ser interpretada superficialmente, como fazer pelos outros o que queremos que eles façam por nós. Mas creio que o questão essencial é compreendê-los profundamente como nós desejaríamos ser compreendidos. E então tratá-los em termos dessa compreensão

Um pai inteligente disse o seguinte sobre a educação dos filhos: “Deve tratar a todos por igual, ou seja, a cada um de modo diferente”.

Na prática, em que assuntos a regra de ouro pode ser aplicada? Eu creio que esse princípio se aplica tanto a aspectos negativos como a positivos.

Aqui vão alguns aspectos negativos:

Falta de perdão e dificuldade para perdoar

Quando faço algo mal e peço perdão, não gosto que sigam me recriminando continuamente. “Ah! Então não faça isso com seu cônjuge”. Quando temos um problema, minha esposa e eu, gosto que ela venha e me peça desculpas. “Ah! Então comece você a fazê-lo”, me diz a regra de ouro.

Raiva

Não gosto que me tratem de maneira má, que me insultem ou me digam palavras que ferem. Não gosto que fiquem mudos  e não falem (que me “matem” com a indiferença). Não gosto que me faltem com o respeito. E poderíamos agregar outras coisas. Jesus me diz: “Não faça isso aos demais, então”.

Falta de interesse pelo mundo do outro

Fico encantado quando me compreendem, se interessam por mim, fazem um esforço para entender o que se passa comigo, o que penso, os problemas que tenho. Pode-se olhar tudo isso sob outro ponto de vista: Compreenda ao outro, se interesse por seu mundo interior, pelo que lhe passa, pelo que pensa e sente, por buscar uma forma de ajudá-lo.

Esta lista de aspectos negativos poderia ser ampliada indefinidamente com coisas como o ciúme, as suspeitas, o sarcasmo, a ingratidão, para logo descobrir que aplicar este simples princípio pode revolucionar nossos casamentos.

Também queria destacar alguns aspectos positivos na aplicação da regra de outro. Abordarei brevemente três deles: O serviço, o amor expressado em palavras (que não é outra coisa senão o elogio) e em terceiro lugar o contato físico amoro, ou seja, o afeto.

Uma das coisas que nós, os seres humanos, mais apreciamos é que nos sirvam. Por exemplo, quando chegamos em casa gostamos que nossa esposa nos prepare a comida, sirva a mesa, a retire, lave os pratos. Quando nos levantamos pela manhã, é claro, que ela arrume a cama. Você não dormiu nessa cama também? Não te parece justo que você colabore.

Quando vamos comer fora, que bom é quando alguém nos serve! Poderíamos dar uma lista interminável de situações em que gostaríamos que outras pessoas nos servissem.

Todas essas coisas nos agradam, não é certo? Então, sirvamos aos demais.

Um velho provérbio popular diz assim: “Quem não vive para servir, não serve para viver”

Uma vez li que quando Jesus lavou os pés dos discípulos, esses pés estavam muito sujos porque seguramente haviam pisado na rua coisas como esterco de animais que também transitavam por ali. Quando se encontraram no cenáculo não houve um escravo que lavasse os seus pés na entrada! Ninguém disse uma palavra. Ao se assentarem, como as mesas eram muito baixinhas, na verdade se colocavam um ao lado do outro, de modo que tinham os pés de seus amigos muito próximos de seus narizes… Porém, ninguém disse uma palavra.

Jesus se levantou lavou aqueles pés. Que lição! No cenáculo havia pés bem sujos e corações orgulhosos que não estavam dispostos a servir aos outros.

Também podemos melhorar a qualidade de vida das pessoas que nos cercam através de algo muito simples porém, importantíssimo: o amor expressado em palavras e o contato físico carinhoso com nossos entes queridos e com aqueles que não o são tanto.

Em muito lares este tipo de amor não existe. O lugar se parece mais com uma pensão ou um hotel onde se vai para comer e dormir. Há poucas (se há) palavras de reconhecimento e alento. Pouquíssimo tempo para expressar carinho de uns para com os outros. Nesses lares cada um parece ser um expert em detectar defeitos do outro. Quantas pessoas mais velhas  podem falar de traumas em sua vida por falta de carinho que experimentaram em sua infância! Em alguns lares só se escuta reprovações, críticas e queixas.

Mas quantas mudanças se pode alcançar na família quando se pratica o afeto (amor expressado em palavras e contato carinhoso)? Por exemplo, maridos, quanto tempo faz que você não diz à sua esposa que a ama ou o quanto ela está linda? Há quanto tempo não elogia sua comida? Há quanto tempo você não dá um forte abraço em seus filhos? Geralmente na idade pré-escolar é comum que os beijemos e abracemos, mas muitos pais deixam o trato carinhoso quando seus filhos estão maiores, principalmente quando chegam à adolescência e se tornam teimosos. Porém, talvez esse seja um meio de proteger nossos filhos de caírem em relações imorais no futuro. O testemunho daquelas pessoas que caíram em imoralidade sexual, prostituição, homossexualidade ou drogas, é que fizerem isso porque encontraram braços falsos que os aceitaram quando em casa os braços verdadeiros nunca apareceram.

Existe um idioma que às vezes é desconhecido por nós: o do contato físico carinhoso. Uma criança se fere e corre para os braços de sua mãe porque se sente melhor quando ela a recebe e a acaricia. Quando os namorados estão de mãos dadas,  estão dizendo um para o outro: “te amo”. Quando nos saudamos, nos damos a mão ou um beijo (um ser de outro planeta perguntaria: o que estão fazendo?). Um jovem vai uma uma longa viagem, e ao partir, na estação de ônibus, seus familiares dão abraços, beijos e carinhos.

Jesus manifestava constantemente esse tipo de amor. Em Marcos 10:16, percebeu a necessidade das crianças, as tocou e as abençoou. Em Marcos 1:41,42 se encontrou com um leproso e antes de curá-lo, o tocou! Jesus conhecia a necessidade de contato físico amoroso que as pessoa têm, e em especial aqueles enfermos considerados intocáveis.

Quanto bálsamo encontramos no carinho expressado por um ser amado!

Maridos, não sejam ásperos com suas esposas! Uma vez li o livro “A bênção” de Gary Smalley e John Trentque. Ali se dizia que na Universidade de Los Angeles, Califórnia, se havia descoberto que para manter a saúde física e emocional, tanto homens como mulheres necessitam de oito a dez contatos carinhosos por dia. Que tal?

Comece a contar. De manhã, quando você levanta, dê um beijo e acaricie sua esposa. Ao meio-dia, se volta do seu trabalho para almoçar, uma expressão de carinho e elogio. E assim ao longo do dia, até chegar às oito ou dez demonstração de apreço. Num clima assim, as coisas podem mudar.

Em síntese: você gosta que te elogiem e te tratem bem? Faça você com os demais, especialmente com sua esposa!

É verdade que “nem tudo o que reluz é outro”, mas essa regra reluz de verdade, porque é de ouro puro. Trata-se de uma joia que adornará sua vida e poderá deixar como legado paras as gerações futuras.

Hugo De Francesco
Texto traduzido e adaptado do espanhol.
Originalmente publicado no site Vayan e hagan discípulos, com o título “Se puede revolucionar el matrimonio”.

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