Reflexões

Seja um homem de um livro só

A decisão de se tornar um cristão e a decisão de ser semelhante a Jesus consistem em uma única coisa. São inseparáveis. Afinal, como diz o apóstolo João, “aquele que diz que está nele [Cristo], também deve andar como ele andou” (I Jo. 2:6). Portanto, não há como se declarar cristão sem ter o compromisso de viver como Cristo viveu. Contudo, além de ser nosso modelo de vida, nosso alvo a ser alcançado, Jesus também é padrão para a vida de todo homem, pois nele se combinam perfeitamente as características do que é ser um homem de verdade. Nesses tempos em que a identidade masculina está tão descaracterizada e distorcida, a única forma que temos de resgatá-la é olhando para Jesus. NEle estão a coragem para derrubar as barracas dos mercadores do templo, mas também a sensibilidade no trato com as pessoas; a força para, acima de tudo, fazer a vontade do Pai, mas também a humildade; a firmeza para denunciar o pecado dos homens, mas também a misericórdia para orar em favor de seus algozes dizendo “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc. 23:34). A mansidão de um cordeiro e a bravura de um leão se encontram em perfeita combinação na vida de Jesus. De fato, Ele é o modelo de homem de verdade, e o resgate da identidade masculina acontece quando olhamos para Jesus.

Mas como podemos olhar para Jesus? Para que pudéssemos fazer isso, Ele mesmo se encarregou de deixar testemunhos acerca de Si mesmo para as gerações que ainda viriam. E nessa estratégia, Jesus estabeleceu dois tipos de testemunhos: o testemunho do Espírito Santo e o daqueles que andaram com Ele. Em João 15:26,27 Jesus declara: “Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito. E vocês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio”. Para conhecermos Jesus contamos tanto com o testemunho do Espírito Santo como também com o daqueles que estiveram com Jesus desde o princípio de seu ministério. Acerca dessas pessoas, Jesus em outra ocasião disse: “Vocês são os que têm permanecido ao meu lado durante as minhas provações” (Lc. 22:28). São homens que Jesus chamou para estarem primeiramente com Ele mesmo, e depois os enviou a fazer discípulos de todas as nações: “Escolheu doze, designando-os como apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar” (Mc. 3:14).

Tendo suas vidas marcadas pelo convívio com Jesus, esses homens saíram por toda parte cumprindo sua missão, dando testemunho de tudo o que viram na vida do Senhor. E no exercício dessa missão, alguns deles decidiram registrar esse testemunho. Foi com esse propósito que surgiu, por exemplo, o Evangelho de João, onde o autor faz a seguinte declaração: “Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que não estão registrados neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo. 20:30,31). Também é com esse propósito que João escreve sua 1ª carta, começando com essa magnífica abertura:

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (I Jo. 1:1,2).

Pedro, em sua 2ª carta, afirma que sua intenção era despertar a lembrança dos mandamentos deixados pelo Senhor e ensinados por seus apóstolos (II Pe. 3:1,2). Paulo não andou com Jesus nos dias de seu ministério terreno, mas através de sua experiência pessoal com o Senhor foi chamado ao apostolado, e ao cumprir sua missão deixou também uma vasta herança espiritual através de suas cartas. Lucas, cumprindo o papel de um historiador, decidiu registrar tudo o que ouviu das testemunhas oculares da vida do Senhor (Lc. 1:1-4).

Podemos dizer que o Novo Testamento surgiu principalmente pela necessidade deixar registrado testemunhos acerca de Jesus. E quanto o Antigo Testamento, o próprio Jesus falou: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito” (Jo. 5:39). Pelo que podemos ver, Jesus é sem sombra de dúvida o centro da Bíblia. Esta O revela como o grande herói de toda a história.

Não há como olhar para Jesus sem passar pelas Escrituras. Não há como seguir nos passos do Senhor sem ter uma conduta que parta da meditação na própria Bíblia. Ser cristão é ser um homem de um Livro só. Ao mesmo tempo, nossa referência de masculinidade também surge a partir das Escrituras, especialmente do testemunho acerca de Jesus.

Se você está comprometido a ser um cristão e um homem de verdade, a Bíblia é o seu livro. Portanto, dedique-se a meditar nela, “de dia e de noite” (Sl. 1:1-2). Só assim você alcançará seu alvo enquanto cristão e cumprirá sua missão enquanto um homem de verdade.

Em Cristo,

Anderson Paz