Reflexões

Abram-se as igrejas!

Abri um email de um site de notícias que acompanho, com uma matéria do Alexandre Garcia, repetindo uma frase que estamos ouvindo e lendo muito ultimamente: “Abram as igrejas!”. Com a frase, o jornalista repete o apelo do secretário do Vaticano que se utiliza do argumento, muito difundido nesse período, de que as pessoas necessitam de conforto espiritual nesse tempo de angústias. O argumento é verdadeiro e com ele alega a necessidade dos prédios católicos se abrirem nos tempos do covid-19. As pessoas precisam de conforto espiritual, mas não somente disso. Elas precisam de luz, necessitam ver algo que ainda não enxergam. Necessitam, antes de tudo, ouvir a voz de Deus que repetidamente é ignorada.

“Pois Deus fala repetidamente, embora as pessoas não prestem atenção” (Jó 33.14)

Esse apelo para abrir as “igrejas” me faz pensar automaticamente na compreensão bíblica do assunto: Igrejas não se fecham pois não são lugares, mas igrejas se fecham quando endurecem o coração para ouvir a voz de Deus e para a necessidade alheia. Igreja são pessoas e pessoas se fecham para Deus e para as outras pessoas.

“Tenham cuidado para não se recusarem a ouvir aquele que fala. Porque, se aqueles que se recusaram a ouvir o mensageiro terreno não escaparam, certamente não escaparemos se rejeitarmos aquele que nos fala do céu” (Hebreus 12.25)

Nesse episódio, o autor da carta aos Hebreus, relembra o momento em que o povo de Israel se negou a subir o monte Sinai, local em que Deus escolhera para se manifestar ao povo no deserto. E com essa lembrança destaca a advertência de que não se deve desprezar a voz do Espírito que hoje pode habitar no homem. Nos fechamos para Deus quando ignoramos a importância de ouvir sua voz e Suas instruções.

A igreja também pode se fechar quando essa se torna insensível às necessidades das pessoas. Sejam elas “as de dentro” ou as “de fora”. Quem são os de dentro? A irmandade, aqueles que são incluídos no corpo pelo batismo. Muitas vezes ignoramos e não nos atentamos para a necessidade dos nossos companheiros de jornada, não nos interessamos em sermos ativos com o zelo, seja zelo com o coração ou com necessidades materiais alheias.

“No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Romanos 12.11)

“Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1 João 3.17)

E quem são os de fora? aqueles que necessitam, antes de tudo, passar pela porta do arrependimento e se converterem àquele que chama todos os povos e nações a se voltarem pra Ele. Pessoas angustiadas que andam sem esperança e que estão nesse momento sofrendo com seus sonhos e perspectivas frustradas. São aqueles que são oprimidos pelo diabo, escravizados pelos medos, angústias e traumas.

“Sabem também que Deus ungiu Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder. Então Jesus foi por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele” (Atos 10.38)

Ao ler a parte do artigo do Alexandre Garcia, veio ao meu coração a necessidade de atendermos o apelo de Paulo aos Coríntios:

“Para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração. Não tendes limites em nós; mas estais limitados em vossos próprios afetos. Ora, como justa retribuição (falo-vos como a filhos), dilatai-vos também vós” (2 Coríntios 6.11)

Espero que as igrejas se abram! Dilatando o coração…

Ideraldo de Assis
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