Reflexões

Falta amor pela igreja

Tenho sentido mais intensamente nos últimos dias o quanto a igreja de Jesus tem sofrido com tanto mau testemunho. Temos visto a mobilização de muitos cristãos em protestos contra as injustiças no nosso país. Percebemos que há compaixão pelas necessidades do povo, mas quase não encontramos compaixão por nossos próprios irmãos. A igreja tem sido escarnecida por aqueles que deveriam amá-la e construí-la: os próprios cristãos.

Falamos mal uns dos outros publicamente. É difícil encontrar algum cristão que tenha feito de tudo para confrontar pessoalmente, em amor e verdade, algum irmão que seja figura pública e tenha cometido algum erro. Não estou dizendo que devemos varrer nossas “sujeiras para debaixo do tapete”, fingindo que não vemos os nossos erros como igreja. Porém, com mais autoridade que qualquer Constituição, existe a Palavra de Deus, que nos dá instruções sobre como tratarmos irmãos em pecado.

Dizemos ter tanto amor pelo nosso povo, mas negligenciamos o amor à família de Deus. É muito difícil hoje ouvirmos entre nós que há amor pela igreja. Ela tem sido apenas objeto de escárnio. No entanto, nossa nação só sofrerá uma transformação profunda no dia em que a igreja (não a instituição, mas o povo de Deus) também sofrer. O mundo não resistirá ao impacto de um povo que é vive em unidade (Jo 17.21) e em transformação de caráter constante em suas vidas. Toda mudança que pode ocorrer em nosso país pelas manifestações somente produzirão resultados superficiais, pois a transformação profunda ocorrerá no dia em que nossos corações e obras forem mais parecidos com os de Jesus. Essa é a bandeira mais pura que podemos levantar.

A transformação ocorrerá no dia em que por amor à unidade, por preservarmos o vínculo da paz (Ef 4.3), tratarmos corretamente o nosso irmão e o seu pecado, atentos para os corações dos que estão próximos de nós e que muitas vezes precisam de palavra, de que a verdade seja dita em amor.

Mas, infelizmente não damos a devida atenção a esta questão. Não nos comprometemos com a nossa transformação e de nossos irmãos. Levantar bandeiras é sempre bem mais fácil do que praticar com persistência a conversa aberta, em amor, regada à oração, e em alguns casos apenas pelo clamor. Muitas vezes isto é desgastante, uma verdadeira batalha diária que exige perseverança. É bem mais fácil desistir do outro.

É verdade que precisamos de justiça ao órfão, de mudanças na lei, de condenações justas aos que a transgridem, sejam ricos ou pobres. Mas, será muito triste ver isso acontecer no país sem que a igreja acorde para tratar biblicamente os seus. Daqui a pouco nossos irmãos serão julgados pelo tribunal de fora, sem que seus pecados tenham sido tratados pela igreja de forma bíblica.

“Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis” (I Co. 6:6).

Será uma verdadeira vergonha pra nós se os de fora julgarem os nossos antes de nós mesmos os tratarmos, conforme nos diz a Palavra. Será muito bom ver nossa nação mais justa, pessoas menos corruptas, os crimes sendo julgados. Poderemos presenciar algumas mudanças boas em nosso país, mas veremos toda a sociedade se esquecendo da fonte de onde a virtude emana. Todo o parâmetro de justiça tem seu fundamento na Palavra de Deus, em Cristo Jesus.

Que Deus restaure nossa unidade. E que façamos nossa parte, começando a praticar a justiça do Reino de Deus. Quando esta for exaltada, será uma tocha acesa que iluminará o caminho de todas as nações (Is. 62).

Ana Carolina de Assis Brum Pires
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