Visão carnal
É muito comum nos queixarmos e acusarmos alguns irmãos de impedir o nosso crescimento, de estorvar a nossa frutificação e progresso.
A crença de que a culpa está do lado de fora do barco aumenta muito quando ouvimos alguns pregadores que, desejando ser mestres, fazem “ousadas asseverações” afirmando que “os pessimistas” precisam ser cortados e lançados ao mar. “Gente negativa não pode ter espaço na nossa agenda e muito menos na nossa vida”, ensinam os tais.
Mas o que acontece quando os obstáculos (os pessimistas) são removidos e a estagnação ainda persiste? O que pensar quando “os fracos e desanimados” são expurgados do nosso convívio, mas a esterilidade permanece? O que fazer quando “os doentes e pecadores” são deixados para trás mas o deserto não chega ao fim?
É nesta hora que perguntamos: “Afinal, o que está errado? Seria a nossa cosmovisão?”.
Se Deus dá graça aos humildes e resiste aos soberbos, creio que seria uma boa hora para avaliarmos se a culpa é realmente de uma outra pessoa.
Não seria sábio considerarmos que o problema pode estar em nós?
Geralmente, quando não prosperamos no caminho, somos tentados a buscar os responsáveis e culpados fora do nosso barco. Entretanto, ao olharmos para as Escrituras, percebemos que, de fato, NINGUÉM pode impedir o nosso progresso quando o SENHOR está do nosso lado.
Nós somos aqueles que creem que “agindo Deus ninguém pode impedir” (Is 43:13).
Nós até cantamos que “quando Deus é por nós, ninguém poderá prevalecer contra nós” (Romanos 8:31).
Logo, se afirmarmos que o homem pode obstacular o nosso caminho, estamos sendo incoerentes com a nossa fé. Isso é uma evidência de que estamos olhando com os olhos carnais e não espirituais. Estamos vendo segundo a mentira do mundo e não de acordo com a Verdade de Deus.
Ser guiados pela carne não é bênção! Ela não é confiável e nela não há proveito algum. Nem a nossa carne e nem a de ninguém está livre da sentença do Deus Verdadeiro: Maldito o homem que se estriba, se apoia na carne, diz o Senhor (Jr 17:1).
Uma “visão carnal” só cogita das coisas dos homens e, por não ver com os olhos de Deus, está completamente impedida de compreender às coisas do alto.
- Leia também: A carne para nada aproveita.
Este guia cego chamado carne nos faz tropeçar por duas razões fundamentais: A primeira, por não discernir entre o bem e o mal, o santo e o profano, o certo e o errado. Assim sendo, os valores de Deus são trocados pelos valores do mundo e por consequência não é possível alcançar o verdadeiro sucesso, segundo a ótica Divina.
Um bom exemplo do que estou falando é a igreja de Laodicéia, ela disse: ‘Sou rico e próspero, não preciso de coisa alguma’. E Jesus rebateu: “Não percebe que é infeliz, miserável, pobre, cego e está nu” (Apocalipse 3:17).
Uma visão equivocada dos valores de Deus é uma tragédia que promove juízo:
“Que aflição espera os que chamam
o mal de bem e o bem de mal,
a escuridão de luz e a luz de escuridão,
o amargo de doce e o doce de amargo!” (Isaías 5:20 – NVT)
A segunda razão para tropeçarmos é a queixa, pois quando não vemos a mão de Deus, nós murmuramos contra os homens. A carne não louva (linguagem do reino), ela só sabe murmurar (linguagem das trevas desse mundo).
A visão carnal nos impede de ver o que de fato está impedindo o nosso desenvolvimento.
- Leia também: E como vencer a carne?
O humanismo nos faz pensar que a âncora que nos freia está sempre do lado de fora do nosso coração. Contudo, em alguns casos, a âncora é a “própria mão de Deus”, pois Ele resiste aos soberbos e dá graça aos humildes.
Davi considerou esta possibilidade quando Absai queria matar Simei: “O Senhor preside esta situação, fica na sua!” (paráfrase minha – II Samuel 16:9-12).
Não enxergar esta verdade nos faz culpar os outros por nossa falta de crescimento e frutificação. Queixar-se contra os irmãos é perigoso, mesmo quando eles são pessimistas e negativos:
“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas.” (Tiago 5:9)
Na verdade é a nossa rebelião que nos prende ao deserto, pois “…só os rebeldes habitam em terra estéril.” (Salmo 68:6)
Você acredita realmente que existe gente tóxica, pessimista, negativa que precisa ser deixada para trás, que precisa sair da sua vida?
Alguém me chamou atenção: “mas Franco, Paulo ensinou a igreja a não se sentar e nem comer com gente que se diz irmão e anda como incrédulo… Isso não é cortar a âncora?”
NÃO! O motivo e o propósito são outros. O motivo é o amor e por isso o propósito é ganhar.
A disciplina ensinada por Paulo se fundamenta no amor, ou seja, o motivo é o próximo e não eu. “O amor não busca o seu próprio interesse” (1 Cor 13). Quando fazemos algo aparentemente duro contra alguém, não o fazemos pensando em nós, mas na pessoa.
O propósito também é outro. Quando deixo a comunhão com alguns que se dizem irmãos e andam na prática do pecado, o objetivo é ganhar tais pessoas. Podemos até entregar alguém ao diabo, mas se o corpo é destruído, o corpo é ganho no dia do Senhor (II Coríntios 5).
Finalmente, contrariando a todos nós, Deus pode usar um Judas Iscariotes, Herodes, Pilatos, judeus e gentios para nos empurrar para o centro da Sua vontade:
“De fato, isso aconteceu aqui, nesta cidade, pois Herodes Antipas, o governador Pôncio Pilatos, os gentios e o povo de Israel se uniram contra Jesus, teu santo Servo, a quem ungiste. Tudo que fizeram, porém, havia sido decidido de antemão pela tua vontade” (Atos 4:27-28 – NVT).
Espero que os meus filhinhos amados me ouçam!
Sérgio Franco – Servo Livre
- Presença e descanso - 24 de maio de 2023
- Obedecer é melhor do que oferecer sacrifícios - 15 de maio de 2023
- Guarde a Fé! - 11 de maio de 2023