Indicações

Educando Crianças – Como criar filhos (3 a 7 anos)

A formação de uma família, em especial a criação de filhos, traz consigo um grande desafio que deveria nos quebrantar e nos tornar mais próximos de Deus. Deveríamos reconhecer que essa tarefa não pode ser bem sucedida sem que Aquele que nos criou presida todo o processo. Para que isso aconteça, nossa intenção deveria estar alinhada ao Eterno Propósito que Ele um dia sonhou e ainda sonha: Ter uma família de muitos filhos com a qualidade da semelhança de Jesus, o primogênito, para o louvor de Sua própria glória.

No entanto, muitos de nós, pais, ainda vivemos sem saber em qual direção conduziremos nossas famílias. As muitas propostas humanistas e secularistas nos fazem pensar em objetivos completamente distantes do alvo que está no coração de Deus, e em consequência disso sofremos por ignorar total ou parcialmente as verdades espirituais que só a Palavra contém. Muitas dessas propostas estão disponíveis em livros, sites ou vídeos no You Tube. Tudo o que se encontra geralmente passa por como formar adultos bem sucedidos, equilibrados, boas pessoas. Mas será que esses objetivos alcançam aquilo que Deus projetou? Será que esses objetivos são suficientes para produzir filhos de Deus que vão herdar a vida eterna? Quais são as características do coração do homem que se rende completamente a Deus? Não seria isso que deveríamos alcançar?

O livro “Educando crianças: como criar filhos de 3 a 7 anos”, escrito por Gary Ezzo e Robert Bucknam, tenta falar com pais convertidos e não-convertidos sobre a importância do tema e sugere uma visão bíblica sobre o “Para quê” criamos filhos. Fornece também algumas ideias de como alcançar esse objetivo, contemplando os principais medos e desafios dos pais dessa geração complicada em que vivemos. O livro faz parte de uma série que vai desde a primeira infância até a adolescência. Essa série é produzida e usada pela Universidade da Família em seus cursos e seminários. Ainda não tive a oportunidade de ler todos os livros, mas consegui extrair muita coisa boa desse que retrata a faixa etária do meu filho mais velho.

Refletindo sobre “para quê” criamos filhos, os autores propõem alguns objetivos:

  • Apreciar e desfrutar dos filhos. Bem como o próprio Deus o deseja, também de certo modo pensamos em um dia desfrutar da companhia, amizade e continuidade que nossos filhos podem vir a representar. Um filho tolo e orgulhoso não é apreciado por ninguém e é resistido por Deus.
  • Criar filhos que sejam alegria e bênção para todos que o cercam;
  • Criar filhos que sejam preparados para a vida: Diferente de criar filhos “para o mundo”, como ouvimos por aí. Nosso dever é conduzir, treinar e tudo que envolve o processo de preparar os filhos para a realidade da vida: Tanto dessa terra quanto a da eternidade.

Ética centrada na criança.

Uma das causas que impedem esses objetivos de serem alcançados é a ética centrada na criança. Os autores de “Educando crianças” explicam de forma prática, as características e consequências desse tipo de criação. Fica deflagrado logo nos primeiros capítulos, a percepção dos autores (da qual eu comungo) de que os pais modernos tendem a querer gerar bons sentimentos em seus filhos a qualquer custo. Como se esse culto dos bons sentimentos fosse mais importante que a formação interior necessária para que o indivíduo aprenda lidar de maneira apropriada com a vida.

O medo que os filhos sofram, o medo de não fazer a coisa certa, o medo que o filho se torne excessivamente tenso ou desequilibrado, muitas vezes impedem os pais de contribuir efetivamente com o seu desenvolvimento. Como dizem os autores do livro Educando Crianças: “Muitos adultos educam seus filhos movidos por seus próprios temores, conflitos e decepções de infância mal resolvidos”.

Segundo os autores, as raízes desse problema podem ser explicadas por diversas razões. Mas uma delas está ligado ao pensamento iluminista do filósofo David Hume, que embrionariamente considerava que “sentimentos prazerosos são bons e os desagradáveis são ruins” considerando que a prática dessas considerações desembocaria no bem estar de uma sociedade altruísta.

Os autores argumentam: “Quando convertidas da teoria para um estilo de vida, essas ideias resultaram em moralidade e educação de filhos voltados para os sentimentos”. “Se algo o faz se sentir bem, então faça” é o que diz essa filosofia.”. Um dos grandes dilemas desse pensamento são as práticas excessivamente condescendentes que minam a estrutura basal do relacionamento familiar: O uso da autoridade.

O desmoronamento do conceito de autoridade

Para quem busca andar com Deus, é inevitável que o princípio elementar da autoridade seja compreendido de forma clara e cristalina. Toda autoridade emana dAquele que está assentado sobre o trono do universo. (Isaías 40:22) E a partir desse trono, Sua autoridade é delegada para o estabelecimento da ordem em todos os contextos da vida (Romanos 13.1).

Pensar ou falar sobre exercer autoridade sobre os filhos, de uns tempos para cá tomou uma conotação totalmente depreciativa. Confunde-se exercer autoridade com autoritarismo. E um grande problema se instaura na ordem emocional e psíquica da sociedade quando a autoridade é abandonada ou distorcida. Ficando assim intacta a raiz da rebelião que é justamente o que nos afasta de Deus. A relativização da verdade tem conduzido a sociedade a um relativismo moral que atinge em cheio as relações parentais normais, gerando pessoas escravas da própria vontade e do hedonismo.

Seja pai agora, e amigo depois.

Muitos pais anseiam iniciar sua relação com os pequenos a partir de um conceito de amizade que a criança ainda não é capaz de construir e retribuir. Estabelecer as prioridades é necessário, como em uma construção. Os autores de “Educando crianças” apontam a necessidade de um caminho a ser construído, para que o elo de ligação deixe de ser apenas o uso da autoridade para a liderança pela influência. O que faz muito sentido.

No princípio, a rebelião humana natural precisa ser incisivamente refreada pelo uso da autoridade para que os contornos morais comecem a ser desenvolvidos. O treino pela palavra “não” que delimita até onde a criança deve ir faz-se necessário intensamente desde a primeira infância.

O livro “Educando Crianças” não faz tanta referência ao uso da vara, prática recomendada pelos conselheiros que fundamentaram toda a moral cristã que Jesus homologou. Nessa fase da infância, as brincadeiras e a amizade não são tão necessárias quanto a ênfase na correção da rebelião manifestada pela insensatez própria da criança.

“A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Provérbios 22.15).

Embora não se aborde de forma mais profunda esse tema necessário, os autores exploram pontos que contribuem de forma equilibrada com a prática das verdades bíblicas, o que torna o livro “Educando crianças” uma boa ferramenta para os pais que estão em busca de se aprofundar nesse tema com temor e tremor diante da palavra.

Portanto, indicamos a leitura dessa obra.

Em Cristo,
Ideraldo Costa de Assis

Ideraldo de Assis
Siga
Últimos posts por Ideraldo de Assis (exibir todos)