3 motivos para você receber puxões de orelha
Preciso deixar uma coisa clara: você precisa de muitos “puxões de orelha”, tanto quanto eu necessito. E outra coisa que deve ficar clara: cada dia que passa, nós vamos necessitar de mais “puxões de orelha”.
É isso que o autor da carta aos Hebreus nos ensina quando diz que devemos admoestar uns aos outros tanto mais quanto vai se aproximando o dia do Senhor (Hebreus 10:25). E esse dia está chegando. Por isso, as admoestações, as repreensões, os “puxões de orelha” vão se tornar cada vez mais necessários na nossa jornada cristã.
A Bíblia aponta pelo menos três motivos pelos quais as admoestações se tornarão cada vez mais necessárias:
1- O amor se esfriará
Jesus nos disse que no fim dos tempos o amor de muitos se esfriará (Mateus 24:12). Contudo, o que temos visto hoje é que a palavra “amor” está na ordem do dia em nossa sociedade. O “amor” é tema nas ruas, nas casas, nos jornais e até mesmo nos tribunais, onde, por exemplo, temos visto uma ampliação do conceito de família baseada, em tese, no amor, e não mais no compromisso entre um homem e uma mulher no casamento.
Entretanto, apesar de tantos discursos sobre o amor, o mesmo tem se esfriado. Não por não ser mencionado, mais sim por ser esvaziado de seu significado. O amor tem sido distorcido, e muito do que se diz amor, é egoísmo disfarçado. Sim, o egoísmo pode se disfarçar de amor, e isso é mais comum do que parece.
O conceito contemporâneo de amor está cada vez mais distante do modelo cristão de amor. No mundo, amor é sentimento (“amo uma pessoa quando me sinto bem em estar com ela”), enquanto para os cristãos o amor deveria ser visto como uma atitude de entrega, de sacrifício a Deus em favor de alguém. Como João disse: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (I João 3:16).
É por causa desse esvaziamento/esfriamento do amor que, por exemplo, muitos casamentos não se sustentam, posto que, a partir do momento em que um cônjuge não se sente bem com o outro, logo não haveria mais “amor”. E assim vai se tornando cada vez mais raro encontrar disposição de renúncia e sacrifício para manter a aliança do casamento.
E esse esfriamento não se encontra apenas nos casamentos, mas em todos os tipos de relacionamento: pais/filhos, amigos etc.
Cada vez mais vamos precisar de admoestação para que não deixemos de amar.
2- O falso ensino se espalhará
Jesus nos disse que naqueles dias se levantarão muitos falsos profetas que enganarão a muitos (Mateus 24:11). Paulo fala que chegará um tempo em que as pessoas se cercarão de mestres segundo suas próprias cobiças, e se recusarão a dar ouvidos à verdade (II Timóteo 4: 3,4). E esse tempo já chegou, pois, o que quer que você queira fazer, sempre vai encontrar um “pastor” que te apoiará no erro.
A título de exemplo, lembro-me de uma senhora, que conheci numa das minhas viagens, que tinha muitas dificuldades para congregar pois seu marido, que era incrédulo, a impedia em muitas ocasiões. Conversando melhor, descobrimos que essa senhora havia ficado viúva, e que estava no segundo casamento. Ela nos contou que quando conheceu o seu segundo marido (que era um homem incrédulo), foi pedir ao seu pastor que realizasse o casamento. Porém, o pastor tentou orientá-la para que não casasse em jugo desigual e se recusou a celebrar o casamento. Então, movida por obstinação, aquela senhora disse ao seu pastor: “se você não me casar, eu vou encontrar um pastor que me case”. E encontrou.
Uso essa história para evidenciar o fato de que sempre vamos encontrar um pastor, um pregador ou um escritor que vai dizer o que queremos ouvir. São mestres segundo as nossas cobiças.
Se um dia você se cansar do seu cônjuge, com certeza você encontrará um pastor que te apoiará a se divorciar, ignorando que Deus odeia o repúdio (Malaquias 2:16). Se você for tentado a ter vida sexual fora do casamento, sempre haverá um mestre pra dizer que isso é certo. Enfim, seja qual for a tentação que o diabo promover, sempre haverá alguém pra te dizer: “vai lá, não tem nada errado”.
Por isso, cada vez mais vamos precisar de gente que não tenha medo de nos dizer a verdade, que não se preocupe em alisar o nosso ego. Pessoas que, movidas por amor, olhem nos nossos olhos e nos resistam pra que vivamos de modo digno diante de Deus.
3- A fé se tornará escassa
Jesus disse:“quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lucas 18:8). Religião não falta nos dias de hoje, mas fé é algo cada vez mais difícil de encontrar. A fé que salva não é aquela que se resume em crer que Deus existe, mas é aquela que faz o homem confiar, dar crédito à Palavra de Deus. Crer em Cristo significa depositar a confiança nEle. É ter a palavra de Jesus como tão digna de confiança que nossa obediência a ela é plena, irrestrita, incondicional. Essa fé resulta em obediência a Deus, e por isso se tornará cada fez mais difícil de achar.
Para que possamos permanecer na fé em dias tão difíceis, precisamos de “puxões de orelha”.
Por tudo isso, devemos escolher bem as pessoas das quais vamos nos cercar. Precisamos conviver com gente que, com amor e brandura, nos repreenda (Gálatas 6:11), gente que nos confronte, mesmo quando isso doa nelas mesmas (Atos 20:31), gente que não se canse de nos dizer a verdade.
Portanto. não menospreze quem te dá “puxões de orelha”. Você precisa disso.
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