Um ponto de equilíbrio
Facilmente separamos nossa vida em compartimentos que pensamos serem incomunicáveis entre si. Conseguimos dividi-la em área religiosa, familiar, profissional e outras, como se fossem compartimentos estanques, separados. E devido à nossa tendência ao desequilíbrio, à valorização de um compartimento em detrimento de outro, lutamos para achar o ponto exato de equilíbrio e harmonização entre todos eles. Por isso, não é difícil encontrar gente que valoriza mais a vida eclesiástica ou profissional em detrimento da família, por exemplo. Para vencer esse desequilíbrio, há quem estabeleça listas de prioridades.
Contudo, não se encontrará equilíbrio apenas ao estabelecer essa lista de prioridades. Sob a ótica bíblica, essa questão só se resolve quando compreendemos que tudo, absolutamente tudo, até mesmo comer e beber, deve ser feito para a glória de Deus (I Co. 10:31). A vida com Deus não deve ser um compartimento estanque. A presença dEle deve permear tudo o que vivemos, e a glória dEle deve ser o fim de tudo o que fazemos. Quando de fato Deus é o centro, quando tudo gira em função dEle, não há desequilíbrio algum. É impossível fazer dEle o centro de nossas vidas e ao mesmo tempo sermos negligentes com áreas para as quais Ele orienta nossa atenção.
Não se pode querer agradar a Deus e negligenciar os mandamentos que dEle recebemos quanto ao trato uns para com os outros.
Exemplo disso é o alerta que Pedro faz aos maridos, dizendo: “maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações” (I Pedro 3:7). Vigílias de oração e semanas de jejuns não compensam o descumprimento das responsabilidades conjugais.
Outro exemplo está no fato de que agrada a Deus o filho que honra a seus pais (Cl. 3:20). Quanto a isso, Jesus já havia repreendido os fariseus porque diziam dar em oferta ao Senhor o que deveria ser destinado à honra aos pais (Mc. 7:6-13).
Já a carta aos Hebreus nos lembra do nosso dever de cultivar os relacionamentos, dizendo que a raíz de amargura em nossos corações pode nos privar da graça de Deus (Hb. 12:15). E Jesus também já havia dito que problemas com nossos irmãos devem ser resolvidos antes mesmo de apresentarmos nossa oferta (Mt. 5:23-26). Além de tudo isso, nem mesmo podemos declarar o amor a Deus, sem em nós não existe amor pelos que dEle são nascidos (I Jo. 5:1).
Ter Deus como centro, fazer dEle o ponto em torno do qual tudo em nossa vida deve girar, faz com que olhos também estejam atentos aos nossos relacionamentos. Andar com Deus não resulta em desequilíbrio algum.
Em Cristo,
Anderson Paz
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