Medo não, temor sempre
Muitas vezes temos que lidar com palavras que apresentam mais de um significado. Também lidamos com isso na Bíblia, onde vemos uma mesma palavra se referindo a objetos distintos. Isso acontece, por exemplo, com a palavra temor. O livro de Êxodo 20:20 diz: “E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis”. Parece haver uma contradição nesse versículo: como pode Moisés dizer “não temais” e ao mesmo tempo dizer que o povo temesse a Deus?
Se olharmos mais atentamente, veremos que não há contradição, pois em cada situação nesse versículo, a palavra temor é usada para fazer referência a duas posturas diferentes, que se distinguem uma da outra por seus resultados. Chamaremos a primeira de medo, e a segunda de temor. Embora os dicionários apresentem significados comuns para medo e temor, veremos que essas posturas se diferem tanto por seus resultados, como por seus fundamentos.
O temor consiste em ter plena consciência de nossa responsabilidade diante de Deus, de que Ele é justo juiz. É por isso que Pedro nos diz: “Se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação” (I Pe. 1:17). Já o medo nos faz fugir das responsabilidades, por pensarmos que não vamos atendê-las. O medo também nos leva a nos esconder de Deus. Essa foi a reação do homem após o pecado. Já o temor a Deus nos faz nos aproximar dEle, pois o salmista nos fala:“a intimidade do Senhor é para os que o temem” (Sl. 25:14). O medo nos paralisa, tal como paralisou os espias que não quiseram conquistar a terra que Deus lhes havia prometido. Já o temor nos impulsiona a alcançar aquilo que Deus nos prometeu, pois sabemos que fiel é quem nos fez a promessa. Aliás, essa é a diferença fundamental entre medo e temor, as consequências de um e de outro são resultados de seus fundamentos: quem tem medo é paralisado pela falta de clareza sobre o caráter de Deus. Mas aquele que teme é movido pela clareza de quem Deus é. O medo se baseia na dúvida, e o temor se baseia na fé.
Portanto, estando bem seguros em quem temos crido, andemos em temor durante nossos dias, plenamente conscientes de nossa responsabilidade diante de Deus, e cumprindo a Sua vontade.
Em Cristo,
Anderson Paz
- Em tempos de crise, não se esqueça da generosidade - 10 de abril de 2020
- Falar em línguas é a evidência do batismo no Espírito? - 11 de fevereiro de 2019
- Vasos de ira e vasos de misericórdia - 4 de fevereiro de 2019