Ensino

O pecado da preguiça – parte 1

 

O pecado da preguiça, pela dificuldade de ser identificado e confrontado, talvez seja o mais sutil a operar no presente século e, infelizmente, tem derrubado muitos cristãos.

“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante; no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento” (Provérbios 6:6-8).

A preguiça tem muitas caras. Ela se traveste de várias formas. Uma das definições da palavra “preguiçoso” é “lerdo” e, por isso, relaciona-se à lerdeza ou lentidão. Entretanto, olhar para uma formiga e afirmar que a preguiça é apenas não trabalhar, é um equívoco. Alguns preguiçosos trabalham para não ter “o trabalho”. Certo dia eu precisei confrontar um irmão por esse pecado, mas ele era um empresário que trabalhava muito. Conversando, ele me disse que trabalhava mais do que qualquer pessoa que conhecia. Porém, disse a ele que, devido ao seu trabalho, fugia e negligenciava suas responsabilidades como marido e pai, como chefe em sua casa. Expliquei-lhe que a preguiça transcende essa questão do trabalho secular. Existe um trabalho que é inerente ao nosso chamado, à nossa responsabilidade, ao compromisso assumido, ao propósito da existência. Por isso eu disse que alguns trabalham para fugirem do trabalho.

Preguiça é muito mais do que simplesmente não trabalhar no emprego, mas é também não fazer o que precisa ser feito fora do emprego. Conheço muitas mulheres que saem dos seus lares e trabalham bastante, mas não porque amam seus trabalhos fora de casa e, sim, porque odeiam enfrentar seus serviços domésticos. Concordo que o trabalho de casa é uma loucura, uma rotina alucinante e, talvez, seja o pior que existe na Terra. Nenhum homem suportaria dormir, acordar, viver, tirar férias no próprio ambiente de trabalho. Mas preguiça é também não cumprir ou fugir das suas obrigações.

“Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mateus 10:26)

Quando li esse texto sob a ótica da preguiça, confesso que fiquei confuso, sem saber o que Jesus queria que eu fizesse: que trabalhasse como as formigas ou ficasse como as aves do céu, sem semear, sem ajuntar em celeiros. Obviamente, a Palavra de Deus não se contraria nunca, mas a questão não é o trabalho simplesmente. A ave, assim como a formiga, cumpre o seu papel pois nasceu para isso e assumiu o que lhe é pertinente. Então, trabalhar é fazer da melhor forma possível aquilo que nos foi confiado fazer.

A formiga, segundo o texto acima, tem dois detalhes interessantes. Primeiro, ela não precisa de líder para motivá-la a fazer seu trabalho. Muitos trabalham somente por obrigação ou debaixo de constante pressão para fazê-lo. Não são “pró-ativas”, não têm iniciativa e, por isso, são preguiçosas. Se não houver alguém incentivando-as ou se o chefe não estiver por perto elas não trabalham. Isso é tão forte que algumas empresas limitam e até proíbem o uso da internet pois muitos, ao invés de trabalhar, ocupam seu tempo navegando em páginas de relacionamentos. Será que é porque elas não têm nada para fazer ou porque ninguém lhes deu ordens? Ou então porque ninguém as está observando? Quem faz apenas o que lhe é mandado cai no pecado da preguiça.

O segundo detalhe da formiga é que ela não se limita ao tempo, ou seja, não existe tempo bom ou ruim para ela trabalhar.

“Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado” (Provérbios 6:9-11).

A postura do preguiçoso é estática, ele não se movimenta. Enquanto ele permanecer letárgico a pobreza o dominará. Nós não temos luz suficiente de como esse pecado é terrível e nos destrói. O pecado da preguiça não ataca apenas nossa produção diária, mas tem um poder muito maior. O texto fala de uma situação contínua de necessidade e de pobreza que aflige o preguiçoso em muitos aspectos.

Segue no próximo post: O pecado da preguiça – parte 2

No amor do Senhor Jesus,

Sérgio Franco ><>

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