Ensino

Será que é o Espírito ou a Palavra?

Na Igreja em Antioquia havia um rico exercício de dons espirituais. Havia ali profetas e mestres, e estes homens estavam sensíveis à voz do Espírito (At. 13:1-3). Contudo, apesar disso, em certo momento surgiu um tema polêmico em meio àquela Igreja. Algumas pessoas estavam ensinando que quem não se circuncidasse não poderia ser salvo.

Diante dessa polêmica, a Igreja tomou uma decisão: enviar Paulo, Barnabé e alguns outros irmãos aos apóstolos e anciãos em Jerusalém (At. 15:1-5). Mas, quando vemos essa decisão, surge pergunta: se eles tinham profetas e mestres, se havia a ação do Espírito Santo naquela comunidade, por que decidiram enviar representantes aos apóstolos? Afinal, o Espírito Santo que estava em Jerusalém não era o mesmo que estava em Antioquia?

Ora, a resposta para essas questões está muito clara nas palavras de Jesus em João 15:26-27: “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. E vós também testificareispois estivestes comigo desde o princípio.

O testemunho acerca de Jesus foi confiado ao Espírito Santo e também àqueles homens que estiveram com Ele desde o princípio. E quem são eles? O Evangelho de Marcos registra que Jesus “subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar”(Mc. 3:13,14). Sobre o mesmo episódio da vida de Jesus, Lucas escreve:“chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc. 6:12,13).

Aos seus doze apóstolos, Jesus certa vez garantiu: “quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mt. 19:28). Ele também disse: “Vocês são os que têm permanecido ao meu lado durante as minhas provações” (Lc. 22:28).

Os doze foram testemunhas oculares da vida e ministério do Senhor. E o testemunho desses homens era confirmado com milagres. É isso que o autor da carta aos Hebreus nos diz: “Esta salvação, primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram. Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade” (Hb. 2:3,4). O livro de Atos destaca: “muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos” (At. 2:43).

Os doze estavam plenamente conscientes de sua missão de testemunhar o que viveram com Jesus: “Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que este é aquele a quem Deus constituiu juiz de vivos e de mortos “ (At. 10:39-42). Os apóstolos eram as testemunhas enviadas pelo próprio Jesus, seus representantes autorizados. Por tudo isso se explica a decisão da Igreja em Antioquia de levar o polêmico tema da circuncisão à avaliação desses homens.

Sem dúvida, precisamos tanto do testemunho do Espírito Santo como também do testemunho dos apóstolos. Não há contradição alguma entre eles. Aliás, era o próprio Espírito que lembraria os apóstolos de todas as coisas que ouviram de Jesus (Jo. 14:26).

Mas, como temos acesso ao testemunho dos apóstolos? Como podemos saber das coisas que eles vivenciaram com Jesus? João nos responde isso ao escrever: “Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que não estão registrados neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo. 20:30,31). Como é bom saber que João se ocupou em registrar o que nos seria necessário para crermos em Jesus. Em sua 1ª carta, João nos diz: “Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco” (I Jo. 1:3).

Lucas não era um dos Doze, mas empreendeu o dedicado trabalho de registrar tudo o que havia ouvido das testemunhas oculares da vida de Jesus (Lc. 1:1-3). Pedro, que se declara testemunha das aflições de Cristo (I Pe. 5:1), escreve sua 2ª carta para que seus leitores se lembrem do mandamento do Senhor dado mediante os apóstolos (II Pe. 3:2).

Do testemunho dos apóstolos surge as Escrituras do Novo Testamento. Dependemos desse testemunho tanto quanto dependemos do Espírito Santo. Que nossas consciências se voltem à Palavra de Deus, e que o Espírito Santo ilumine o nosso entendimento, para que cresçamos cada vez mais na vontade do Senhor.


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