Vou falar de pecado sim!
Há algum tempo, li uma frase que dizia o seguinte: “Enquanto lá fora se debate sobre sustentabilidade, nós (igreja) discutimos sobre brinco ser ou não ser pecado”. Acredito que o autor da frase teve a intenção de demonstrar a irrelevância de certas discussões entre cristãos, especialmente sobre o que é e o que não é pecado. Uma simples regra, classificando atitudes que seriam lícitas enquanto outras seriam pecaminosas, não resolve o problema do pecado no mundo e nem na igreja. Há muito tempo, Paulo já dizia que regras como “não toques” e “não manuseie” não têm poder algum para refrear os impulsos da carne. O que é importante é o morrer e ressuscitar para uma nova vida com Cristo (Cl. 2:20-23).
Contudo, o que preocupa na frase que mencionei acima não é a declaração em si, mas o uso que alguns podem fazer dela. Há quem possa utilizá-la para reduzir a importância da conversa sobre o que de fato é pecado. Como se todo esse “papo” sobre pecado fosse conversa ultrapassada e retrógrada. Entretanto, é necessário lembrar que, no ensino de Jesus, o tema pecado tinha tal importância que, em certa ocasião, Ele disse palavras que muitos de nós preferiríamos que não estivessem na Bíblia: “Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno” (Mateus 5:29,30).
Em outra ocasião, depois de haver curado um paralítico, Jesus fez questão de alertá-lo: “Olhe, você está curado. Não volte a pecar, para que algo pior não lhe aconteça” (João 5:14).
Não podemos tratar o tema do pecado com uma gravidade menor do que a que Jesus o abordou. Não estamos autorizados a isso. Afinal, “o discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre” (Lucas 6:40). O pecado deve ser tratado com a mesma seriedade, gravidade e profundidade com que Jesus o tratou.
- Confira: O caminho para a irrelevância da igreja.
O autor de Hebreus nos lembra que o pecado tem o poder de nos enganar, e quando alcança isso, ele pode endurecer o nosso coração, nos levar à incredulidade e nos afastar do Deus vivo:
“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado” (Hebreus 13:12,13).
Além disso, para que corramos a carreira que Deus tem para nós, precisamos nos livrar de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia:
“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta” (Hebreus 12:1).
Estamos numa luta contra o pecado, e nessa luta contamos com a intervenção de Deus nos corrigindo:
“Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hebreus 12:6)
O que precisamos lembrar é que toda injustiça é pecado (I João 5:17). E a principal e a origem de todas as injustiças, não é a imoralidade sexual nem a exploração do próximo, mas a criatura rejeitar seu Criador. Acerca das cidades que rejeitaram Sua palavra, foi o próprio Jesus que disse: “Mas eu lhes afirmo que no dia do juízo haverá menor rigor para Sodoma do que para você” (Mateus 11:24).
- Confira também: Pequei. E agora?
Portanto, precisamos falar sobre o que é pecado, sempre à luz da Palavra de Deus, e não de nossas opiniões pessoais. Mas também precisamos falar da graça, pois sem ela a luta contra o pecado é insuportável. É pela graça que temos condição de vencer o pecado.
Só por causa da graça, João pôde ensinar: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis“. Só pela graça alguém pode não pecar.
Mas se se pecarmos? Não podemos nos esquecer que o perdão de Deus está à disposição de todo aquele que se arrepende e confessa suas culpas. Lembremos das palavras de João e Thiago:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:9).
“Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (I João 2:1).
“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados” (Tiago 5:16a).
Em Cristo,
Anderson Paz
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