Reflexões

Pequei. E agora?

Na última semana publicamos o vídeo “Aborte o mal”, que trata da necessidade de abortarmos o pecado antes que ele nasça em nossas vidas. Em Tiago 1:13-15 aprendemos que, para abortarmos o pecado, precisamos impedir que a cobiça que existe em nós venha engravidar e dar à luz. Talvez você tenha assistido o referido vídeo e pensado: “Entendi que devo abortar o pecado, mas o que fazer agora que já pequei ? E agora, que pecado já surgiu, o que me resta fazer?” Para essa pergunta, a Bíblia não nos deixa sem resposta.

É claro que a nossa luta sempre tem que ser vencer o pecado, para não deixá-lo acontecer.  Na luta contra o pecado devemos resistir até o ponto de derramar o próprio sangue (Hebreus 12:4). Mas, o que acontece se cairmos e cedermos ao pecado? A verdade é que todos nós estamos sujeitos a isso. Porém, João nos ajuda a entender o que fazer nessa situação:

“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (I João 2:1).

Na declaração de João, a primeira coisa que devemos guardar firmemente em nosso coração é o “não pequeis”. Entretanto, se pecarmos, podemos contar com uma verdade: temos Jesus, o nosso advogado junto ao Pai.

E como podemos usufuir desse fato? Como podemos ser beneficiados pela defesa de Jesus a nosso favor? Para entender isso, precisamos voltar ao primeiro capítulo da 1ª carta de João, onde ele fala o seguinte:

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:9).

Só usufruimos da defesa de Jesus, do que Ele fez na cruz por nós, quando confessamos os pecados. E confessar é admitir, é concordar com o que Deus diz a respeito do nosso pecado. Quando pecamos, precismos assumir: “Eu pequei!”

Quem admite o pecado não transfere culpa, uma atitude geralmente observada em que não está realmente arrependido. Quantos maridos colocam a culpa de seus pecados nas suas esposas! Quantos filhos colocam a responsabilidade dos seus pecados nos seus pais! A transferência de culpa está na história da humanidade desde que o pecado entrou no mundo. Afinal, qual foi a primeira atitude de Adão quando pecou? Ele simplesmente respondeu a Deus: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gênesis 3:12). Adão tenta transferir a culpa para a mulher, e a responsabilidade por tudo ele tenta colocar na conta de Deus. Precisamos adimitir que ninguém pode ser culpado pelos nossos próprios pecados. Precisamos de humildade para dizer: “Eu pequei!”. Lembremos do filho pródigo:

“Pai, pequei contra o céu e diante de ti…” (Lucas 15:21).

Outra forma equivocada de tratarmos o pecado é a tentativa de explicá-lo, de racionalizá-lo. Às vezes damos o nome de doença para aquilo que é pecado. Mas, se queremos de fato agradar a Deus, precisamos parar de dar outros nomes ou de apresentar explicações para o que Deus chama de pecado.

Também não devemos negar o pecado, dizer que ele não aconteceu, ou afirmar quer certa conduta não deve mais ser encarada como pecado, pois a sociedade e os costumes mudaram.

O que precisamos fazer é confessar, admitir, concordar com o que Deus diz a respeito da nossa atitude, do nosso erro.

E a quem devemos confessar? Sem sombra de dúvidas, precisamos confessar a Deus. Porém, Ele já conhece o nosso pecado.  O Salmo 139 diz que Deus enxerga da mesma forma a luz e as trevas. Luz e trevas não mudam a forma como Ele enxerga. Deus sempre está vendo tudo. Portanto, confessamos a Deus não para informá-lo, mas para nos quebrantar. Porém, Deus nos dá um caminho de restauração para trilharmos.  E um passo indispensável nesse caminho é apontado por Tiago:

“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados” (Tiago 5:16a).

Precisamos confessar nossos pecados uns aos outros. Por mais que se tente argumentar ao contrário, isso está claramente estabelecido no versículo acima. Não há como negar. Embora alguns insistam em dizer que nossos pecados só deveriam ser confessados a Deus, a confissão a nossos irmãos é uma exigência da transparência, da verdade, da luz.

É interessante observar que Tiago aborda esse tema em um contexto onde ensina como tratar um irmão doente no meio da igreja:

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros…” (Tiago 5:14-16a)

Pelo texto acima vemos que há doenças na vida de um cristão que podem ter origem no pecado. Por isso, quando houver algum enfermo, os presbíteros devem orar, ungir, e a oração da fé salvará o enfermo. Porém, é necessário confessar os pecados. Mais do que oração pelo enfermo, o texto fala sobre uma ação pastoral dos presbíteros da igreja. Pecado oculto traz muitas consequências malignas, perversas pra nossas vidas, inclusive doenças na alma e no corpo. O pecado oculto nos afasta de Deus, nos priva de viver aquilo que Jesus conquistou pra nós na cruz.

Portanto, leve a sério a luta contra o pecado. Lute para abortar o pecado, e se pecar, confesse, assuma: “Eu pequei!”. Peça socorro, se humilhe. Admita seu erro, recorra a Deus e à ajuda da igreja. Lembre-se sempre: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.