Reflexões

Não cave cisternas rotas

Vivemos em uma sociedade cada vez mais enferma emocional, psíquica e espiritualmente. E nos perguntamos: Por que existem tantos transtornos?

Quando Deus criou os céus, a terra, as plantas, os animais, as árvores, os peixes, as aves e, finalmente, o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança, contemplou a obra que havia feito em seis dias e declarou que tudo era bom. É tão linda a criação! Tão formoso tudo o que Deus fez! Tão perfeita a vontade de Deus para o homem! E o melhor é porque tem a ver com o plano que Deus determinou levar até o fim. Se um pai ou uma mãe deseja o melhor para seus filhos e projeta isso, quanto mais o fará Deus para conosco. Ele não criou esse tipo de vida que vemos hoje, mas uma outra muito mais linda, maravilhosa!

Por que existe, então, tanta dor e sofrimento no meio da humanidade? Veremos na Palavra a razão disso tudo. Somente assim poderemos encontrar a solução entre as soluções.

Deus, através do profeta, disse em Jeremias 2:13:

“Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas”.

Nisso consiste o erro da humanidade. Nesse versículo o profeta diz com clareza que Deus é a fonte da vida, da sabedoria, do amor, da paz, da harmonia. Deus é a fonte de todo bem, de toda boa dádiva, de todo dom perfeito. Ele é a fonte da graça, de toda autoridade, de todas as virtudes que necessitamos para viver, para nos relacionarmos uns com os outros e com Ele. Mas nós temos deixado a fonte, o manancial de água viva.

O segundo erro que cometemos foi cavar cisternas rotas que não retém água. Antigamente, as cisternas eram buracos escavados na rocha. Trabalhava-se muito para conseguir um depósito de água. Às vezes a rocha rachava ou tinha alguma pequena fissura e não era capaz de reter a água. Colocava-se ali a água e em pouco tempo não tinha mais nada. Do mesmo modo, a humanidade se apartou de Deus e cavou “cisternas” rotas. As cisternas de hoje em dia podem ser as soluções humanas que buscamos para nossos males: nosso raciocínio, nossas ideias, o critério próprio, a filosofia, a sociologia, a psicologia. Ou seja, todas as soluções que o homem procura através de seu raciocínio, sem antes resolver o problema número um: seu afastamento de Deus. Estas cisternas rotas também podem ser as religiões humanas e o cristianismo mesclado com o humanismo.

SOLUÇÕES SUPERFICIAIS

O homem transformou sua relação com Deus em religiões e tradições. Hoje, para a maioria dos cristãos, tanto evangélicos como católicos, a religião consiste em cerimônias, ritos, costumes, cultos ou missas. Pode contar com um bom louvor, um grande programa, um excelente pregador e música de alto nível. Quer se trate de um ritual tradicional ou totalmente renovado, pode-se perceber quando se trata apenas de uma religião exterior. Os pregadores religiosos dizem somente coisas lindas às pessoas: não falam de pecado, não mencionam que o mal de todos os males é haver deixado a Deus.

Hoje estamos diante do perigo de nos transfor- marmos em uma religião amoral. Note que não digo “imoral”, mas “amoral”. O que é algo amoral? É não fazer referência ao que está bem e ao que está mal. Fala-se de paz, de perdão, de benção, de poder, de prosperidade. Eles dizem: “Não sofra mais”; “Deus te ama”; “Deus pode te ajudar”; “Deus está contigo”.

Preste atenção! Nesse tipo de igreja não é dito que mentir é pecado. Não se menciona que fornicar é pecado, nem que adulterar é pecado. Tampouco se ensina que os filhos têm que obedecer seus pais. Ou que o marido deve ser amável com sua esposa. Não se diz que cabe à mulher se sujeitar ao seu marido. Não se adverte que não pode roubar. Que não se deve dar nem receber suborno. Que não pode ter relações sexuais antes do casamento. Dessas coisas não se falam!

E, enquanto o povo continua em pecado, os pastores e pregadores tocam o violino. Colocam uma música linda, suave para tranquilizar as pessoas, do mesmo modo que Davi tocava a harpa para Saul. Saul era um rebelde contra Deus. Um espírito mau vinha sobre ele e o atacava. Saul, o rei de Israel, estava endemoninhado e, como Davi tinha a unção de Deus, foi contratado para tocar harpa para ele. Quando tocava, os demônios saiam e Saul se sentia melhor. No entanto, não era possível para Davi tocar as vinte e quatro horas, de modo que, quando parava, os demônios voltavam. O espírito mau vinha novamente sobre Saul.

Notemos que o efeito ambiental da unção junto com a música conseguia aliviar momentaneamente a Saul. No entanto, o problema não tinha uma solução final, pois ele não era curado. Seu mal e sua rebeldia contra Deus, seu afastamento Dele não mudava.

Lamentavelmente, em muitos lugares hoje também é assim. Criou-se um aparato religioso que funciona muito bem comercialmente. Até constroem sistemas financeiros que progridem. Então, falar de pecado pode significar uma diminuição da participação de pessoas.

Muitos dizem: “Eu já tenho problemas suficientes em minha casa e em meu trabalho. No domingo quero ir ‘para a igreja’ e não ouvir coisas que me incomodem. Anseio encontrar um ambiente confortável e receber uma palavra de ânimo, com boas ‘vibrações’”. Trata-se de um evangelho “light”: cisternas rotas que não retêm água!

Jorge Himitian
Extraído do livro “Curados pela Palavra”, que pode ser adquirido pelo site Servo Livre.

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