Reflexões

Alguém pode morrer por um juízo de Deus?

O tema deste post pode parecer fora de tempo. Porém, além de responder a uma pergunta feita por uma das leitoras do Conexão Eclésia, o assunto abre uma oportunidade para explicarmos um importante ensino bíblico.

No início desta semana recebemos uma pergunta de Elaine Lebre sobre as questões envolvendo a morte do ator Domingos Montagner. Certamente, o motivo dessa pergunta se deve ao fato de que alguns evangélicos afirmaram que o que ocorreu com o ator foi porque o mesmo teria participado de cenas de rituais indígenas na novela.

Ora, antes de defender qualquer posicionamento sobre esse tema, a morte de Domingos Montagner deveria nos causar tristeza e choque. Afinal, a morte não faz parte do plano original de Deus para o homem. Ela entrou no mundo pelo pecado. E por isso,  a morte de qualquer pessoa deveria nos causar tristeza, comoção e solidariedade para com familiares e amigos.

Porém, diante de tanta informação que circula por aí, é possível que alguém tenha uma sincera dúvida sobre a possibilidade de uma morte ser causada por um juízo de Deus. Vamos tentar responder a essa pergunta de maneira clara e objetiva.

1. Alguém pode morrer por um juízo de Deus?

A resposta é sim. Ao longo de toda a Bíblia vemos Deus, em determinados momentos, executando seus juízos tanto nações quanto sobre indivíduos. Vemos isso até mesmo no Novo Testamento. Sabemos que Ananias e Safira morreram por mentirem ao Espírito Santo (Atos 5:1-11). Herodes morreu por receber para si uma glória que era de Deus (Atos 12:21-23). Elimas ficou cego por atrapalhar o ministério de Paulo (Atos 13:6-12). Enfim, Deus pode sim executar seus juízos sobre os indivíduos.

E o ator Domingos Montagner morreu por um juízo de Deus? Não sei. Só sei que ele morreu como qualquer um de nós pode morrer. Afinal, tragédias acontecem qualquer pessoa, bons ou maus, justos ou injustos. Afinal, se é que Domingos participou de algum ato de feitiçaria, milhares de pessoas praticam coisas assim e nem por isso morrem. Aliás, seria um erro limitar a possibilidade de um juízo de Deus apenas aos casos de feitiçaria. Lembremos mais uma vez que Ananias e Safira morreram por causa  de mentira.

Enfim, não conhecemos nada da vida de Domingos para fazer uma afirmação tão ousada de que ele morreu por um juízo de Deus. Afinal, os caminhos e juízos de Deus são insondáveis (Romanos 11:33), e só podemos conhecê-los a medida que o próprio Senhor revela.

2. Se o juízo de Deus vier sobre alguém, qual deve ser a nossa reação?

Jesus ensinou sobre esse tema em Lucas 13:1-5:

“Naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam. Ele, porém, lhes disse: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”.

A morte, a tragédia, a dor ou o sofrimento que recaem sobre o outro, não deveria nos fazer assumir a condição de juízes. Pelo contrário, tudo isso deveria nos conduzir a um auto-reflexão, a um auto-exame, a nos avaliar a nós mesmos. E  olhar para nossas próprias vidas ainda é mais necessário pelo fato de sermos cristãos. Afinal, como Pedro nos adverte: o julgamento começa pela casa de Deus (I Pedro 4:17).

Por fim, precisamos nos encher de misericórdia pelas pessoas, afinal: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia” (Tiago 2:13)

Em Cristo,
Anderson Paz