Se Deus não existisse, o que haveria para comemorar?
Há pouco mais de quatro anos, uma campanha publicitária realizada na cidade de Londres ganhou certa repercussão internacional por fazer com que 200 ônibus urbanos circulassem levando cartazes que diziam: “Provavelmente, Deus não existe. Agora, pare de se preocupar e curta a vida”. A campanha, promovida pela Associação Humanista Britânica, custou 195 mil dólares e contou com a apoio do biólogo ateu Richard Dawkins, autor do livro “Deus, Um Delírio”.
Inspiradas por essa campanha, outras associações promoveram campanhas similares em diversas cidades do mundo. Essa onda de propagandas ateístas é fruto da compreensão de que a fé em Deus é algo não apenas desnecessário, mas prejudicial, pois estaria privando as pessoas de desfrutarem da liberdade, dos prazeres que a vida lhes oferece. A fé seria um instrumento para aprisionar a humanidade à ignorância e ao retrocesso, um mal que ao longo da história, além de servir como instrumento de domínio e manipulação, tem sido fonte de intolerância, discriminação, fanatismo e ódio.
Mas, precisamos pensar com seriedade: Se Deus não existisse, haveria alguma razão para comemorar?
Quem crê ou afirma esse tipo de coisa demonstra que não tem dado muita atenção para a história da humanidade, principalmente sua história recente. O século XX demonstrou que a secularização e a eliminação da fé ou da religião não significaram a eliminação da intolerância, violência ou ódio. Vimos nesse século o estabelecimento de regimes marcadamente fundamentados no ateísmo. E o que encontramos?
A União Soviética, governada por Stálin, em apenas um ano matou sete milhões de ucranianos de fome. Uma fome estrategicamente construída por meio do confisco de grãos, fechamento de fronteiras, isolamento das cidades. A China maoísta aniquilou aproximadamente sessenta e cinco milhões de chineses. Pol Pot promoveu um genocídio no Camboja no qual se estima que foram executadas dois milhões de pessoas em quatro anos, cerca de 25% da população da época.
Em texto publicado na Folha de S. Paulo, João Pereira Coutinho, comentando sobre a campanha ateísta, cita Dostoiévski e o questionamento se a ausência de Deus significa também a ausência de qualquer limite ético para a ação humana. Ele prossegue escrevendo: “Essa possibilidade seria confirmada no século seguinte [século XX]: um século devastado por grandes construções coletivistas, utópicas e rigorosamente ateias que libertaram um fanatismo e uma crueldade indistinguíveis do fanatismo e da crueldade das antigas religiões tradicionais”.
Poderia citar outras atrocidades feitas por regimes ateus. Contudo, meu propósito aqui não é demonstrar que o ateísmo seja mais perverso do que qualquer violência cometida em nome da religião. Não pretendo fazer isso, até mesmo porque isso não seria verdade. A história da chamada cristandade possui atos de violências extremamente cruéis, como as cruzadas, a inquisição, entre outros. E atrocidades também são encontradas na história de outros grupos.
Contudo, esses atos de violência não invalidam a fé, mas apenas confirmam que a afirmação bíblica de que “não há um justo, nem um sequer” (Rm. 3:10) e “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm. 3:23). O homem é mal, e não é a religião nem o ateísmo que pode libertá-lo dessa realidade. Jesus disse:“Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt. 15:19). Segundo as palavras de Jesus, nem a religião e nem o ateísmo podem livrar os homens dessas coisas.
- Confira também: Religião não define caráter.
À luz do que tenho vivido e experimentado, posso dizer que há um meio para transformação de indivíduos e do mundo. Esse meio é uma pessoa chamada Jesus Cristo. Através de um relacionamento pessoal com Ele pode-se alcançar um coração transformado. Com Ele posso aproveitar a vida de verdade. Antes de conhecê-lo, eu estava morto (Ef. 2:1). Mas quando o conheci, descobri o que é vida de verdade. Afinal, Ele veio para que tivéssemos vida em abundância. Ele existe, e por isso há muito o que comemorar.
Hoje tenho todos os motivos pra celebrar e pra dizer: Deus existe. Aproveite a vida em Cristo!
Em Cristo,
Anderson Paz
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