Reflexões

Depois de terdes sofrido por um pouco…

Ao final da primeira carta de Pedro, encontramos uma promessa maravilhosa, que nos enche de segurança, tranquilidade e esperança quanto ao futuro. O apóstolo nos lembra que o próprio Deus, quer nos chamou à sua eterna glória, Ele mesmo irá nos aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. Porém, tudo isso acontecerá “depois de sofrermos por um pouco”. Vejamos os versículo:

“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (I Pedro 5:10,11).

A promessa de Deus é linda e extraordinária. Porém, ela não acontecerá sem que antes soframos por um pouco de tempo. A verdade é que o sofrimento faz parte da obra de Deus em nós. É uma das ferramentas usada pelo Senhor para cumprir o seu propósito em nossas vidas.

Ao longo de sua carta, Pedro busca fortalecer em seus leitores a certeza de que há proveito no sofrimento. O apóstolo ensina algumas verdades sobre o sofrimento, e gostaria de destacá-las aqui.

1. As provações são necessárias para aperfeiçoar a nossa fé

Pedro já destaca essa verdade logo no primeiro capítulo de sua carta: “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (I Pedro 1:6,7).

Sabemos que a fé é algo preciosíssimo. Sem ela é impossível agradar a Deus, e nossa luta até o fim da vida é por guardar a fé. Porém, o valor da fé se mostra de forma mais evidente e radiante no momento da provação. Aí é realmente exposta a situação da nossa fé em Deus, o que temos da Palavra do Senhor arraigada em nossos corações.

Tiago nos diz que a prova da nossa fé produz perseverança, e esta quando tem ação completa, produz em nós maturidade e integridade:

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tiago 1:3,4).

E Paulo nos escreve:

“…também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Romanos 5:3,4).

2. Devemos suportar o sofrimento por causa da nossa consciência para com Deus

No segundo capítulo, Pedro ensina que os servos devem se sujeitar aos seus senhores, ainda os mesmos sejam maus. “Porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus” (I Pedro 2:19).

Só é possível suporta o sofrimento, especialmente quando este é injusto, quando mantemos viva a nossa consciência para com o Senhor. Quando cremos em quem Deus realmente é.

Ele é soberano sobre qualquer circunstância. Portanto, nada na vida dos filhos de Deus escapa do controle do Pai, até mesmo as injustiças que sofremos. O mal não é considerado bem, e a injustiça não ganha status de justiça. Deus julgará todas as coisas. Porém, Deus consegue tirar proveito do mal que nos atinge, e trazer um resultado bom para nossas vidas. Lembremos como José enxergou a maldade que seus irmãos lhe causaram: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gênesis 50:20). Só alguém que mantêm a consciência para com Deus viva consegue chegar a essa conclusão.

3. Devemos avaliar a causa do nosso sofrimento, para que este não seja inútil

Ainda escrevendo aos servos, Pedro fala da importância de discernirmos a causa dos nossos sofrimentos, pois há momentos que sofremos por causa de nossos próprios erros, e isso não tem valor para Deus.

“Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus” (I Pedro 2:20).

Esse tema aparece em outros momentos da carta, quando Pedro já não escreve apenas aos servos, mas aos cristãos em geral. Deus enxerga valor quando sofremos por causa do bem, por Cristo.

“Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome… Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem” (I Pedro 4:14-16,19).

Algumas pessoas ignoram a lei da semeadura, e se esquecem de que quem semeia para a carne colhe corrupção. Há certas dores e sofrimentos que se originam das nossas próprias escolhas equivocadas e de nossos pecados. Por isso, se nos encontramos numa situação dessas, precisamos produzir frutos dignos de arrependimento, deixando de semear o mal e passando a semear o bem.

Ainda sobre o tema, Pedro destaca:

“Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados” (I Pedro 3:13,14).

“porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal” (I Pedro 3:17)

Sobre esse tema, recomendo dois posts que já publicamos aqui no Conexão Eclésia: “Você colhe sofrimento” e “Lei da Semeadura: O que a Bíblia fala sobre isso?”

4. Nosso modelo é Jesus

Alguns se perguntam: “até que ponto devo suportar o sofrimento?” A resposta de Pedro é clara: devemos suportar como Jesus suportou.

“Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (I Pedro 2:21-23).

Nossa referência é alta. Jesus, no momento de sua maior dor, ainda assim pensou nos outros: cuidou de sua mãe e de seu discípulo João, deu segurança de salvação ao ladrão que estava ao seu lado, e orou pelos seus algozes, dizendo: “Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem”. Ele é a nossa referência de como encarar o sofrimento.

5. Não devemos estranhar o sofrimento na vida de um cristão

Sofrer não é uma coisa extraordinária, excepcional ou fora do comum. É algo que faz parte da vida de todo cristão e nos dá a oportunidade de sermos participantes das aflições de Cristo.

“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (I Pedro 4:12-14).

Pedro não fala nada diferente do que é afirmado ao longo do Novo Testamento. Jesus já nos avisou sobre o fato de que no mundo teríamos aflições. Os apóstolos ensinaram que por meio de muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus (Atos 14:22), e aquele que quiser viver de forma que agrada a Deus sofrerá perseguições, inevitavelmente (II Timóteo 3:12).

6. Não estamos sozinhos nessa

Por muitas vezes, pensamos que estamos sozinhos e somos os únicos a estarem passando pelo sofrimento. Mas a verdade é que sua dor não é exclusividade sua. Muita gente sofre como você, ou até mais. E ainda assim conseguem perseverar na fé. Olhe para esse exemplo para ser animado.

“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (I Pedro 5:8,9).

7. Sempre é por pouco tempo

As vezes os sofrimento se arrasta na nossa vida e parece que nunca termina. Porém, por mais que possa durar, sempre devemos vê-lo à luz da eternidade. E o que são nossos dias nesta terra diante do que está por vir? São uma simples névoa, um sopro que rapidamente desaparece. Uma erva que logo seca e morre. Porém, o que está reservado para nós não tem fim. Por isso, à luz do eterno peso de glória que Deus tem preparado para nós, nossas tribulações, por maiores que sejam, sempre serão leves e momentâneas.

“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!” (I Pedro 5:10,11).

“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (II Coríntios 4:16-18).

Não desista. O sofrimento tem hora para acabar. Só procure extrair o máximo de cada situação pela qual o Senhor te conduz.

Em Cristo,
Anderson Paz