Mudanças de prioridade em tempos de crise?
Em tempos de crise, cerco e aperto, somos postos à prova se manteremos as prioridades imexíveis, princípios imutáveis.
Asa, rei de Judá foi considerado um rei justo que buscou o Senhor de todo coração. Implementou uma verdadeira restauração do culto em honra a Deus, o Senhor, Deus de seus Pais. Contudo em um momento de aperto das circunstâncias, quando soube que os “irmãos” inimigos de Israel se organizavam contra ele, tomou uma atitude no mínimo estranha e incoerente frente aos seus atos anteriores. Ao invés de buscar o Senhor como já havia feito em outras ocasiões, foi ao templo do Senhor e retirou toda a prata e ouro que haviam ali dedicados a Deus para oferecer como pagamento em troca da aliança com outro rei para salvá-lo daquele momento. Uma proposta política e pragmática para por fim à uma crise diplomática:
“No trigésimo sexto ano do reinado de Asa, Baasa, rei de Israel, invadiu Judá e fortificou Ramá, a fim de impedir que qualquer um entrasse ou saísse do território de Asa, rei de Judá. Em resposta, Asa removeu a prata e o ouro dos tesouros do templo do SENHOR e do palácio real. Enviou a prata e o ouro a Ben-Hadade, rei da Síria, que governava em Damasco com a seguinte mensagem: “Façamos um acordo, você e eu, como aquele que houve entre seu pai e o meu. Envio-lhe prata e ouro. Rompa seu acordo com Baasa, rei de Israel, para que ele me deixe em paz” (2 Crônicas 16.1-3)
Asa confiou em seu cacife político, sabia o que fazer. Negociou uma prioridade: arrancou os tesouros do templo, tocou na honra do Senhor. A glória de Deus já não era sua prioridade. Talvez entendesse que o momento exigisse esse “sacrifício”. Deus o reprovou:
“Por esse tempo, o vidente Hanani foi a Asa, rei de Judá, e lhe disse: “Uma vez que você confiou no rei da Síria, em vez de confiar no SENHOR, seu Deus, perdeu a oportunidade de destruir o exército do rei da Síria. Você não se lembra do que aconteceu aos etíopes, aos líbios e a seu exército enorme, com todos os seus carros de guerra e cavaleiros? Naquela ocasião, você confiou no SENHOR, e ele os entregou em suas mãos. Os olhos do SENHOR passam por toda a terra para mostrar sua força àqueles cujo coração é inteiramente dedicado a ele. Como você foi tolo! De agora em diante, haverá guerras contra você” (2 Crônicas 16.7-9)
Chama a atenção:
Ele foi ao templo retirar a prata e ouro dos utensílios: Uma atitude pragmática. Em tempos de contingenciamento e racionamento somos muito tentados a seguir uma lógica de remanejamento de prioridades. Seja financeira ou de qualquer outro recurso. Nesse caso o templo era a figura que representava a relação entre Deus e aquele povo. Representava a própria presença de Deus, a honra e a primazia que deveria permanentemente ter no íntimo daquela nação. Lembre-se que aquele templo e aqueles tesouros foram consagrados à aliança tão esperada e celebrada outrora pelos antepassados de Asa.
Algo aconteceu no interior de Asa! Ele era um homem interessado em agradar a Deus. Porém não totalmente. É necessário compreendermos que o Senhor se interessa profundamente por encontrar em nós, homens e mulheres, integridade. Essa é a virtude que é sinônimo de ser inteiro, completo. Deus não quer corações parciais, divididos. As vezes nos escondemos atrás de alguns termos como equilíbrio, cautela, moderação, para disfarçar nossa falta de inteireza. Asa nos ensina que podemos fazer grandes reformas, movimentos, demonstrar grande devoção sem contudo sermos inteiramente dedicados a Ele. Que em tempos de crise, Seu Reino e Sua justiça sigam sendo nossa prioridade!
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