Trump, os sinais e a igreja
Desde que Donald Trump foi eleito nos EUA tenho recebido uma avalanche de informações e especulações não só sobre seu perfil e propostas controversas, mas também de análises de crentes em Jesus associando esse acontecimento com profecias bíblicas a respeito do fim. Uma das correntes apontam que a política externa do Trump irá desencadear uma terceira guerra mundial que, segundo Einstein, seria tão agressiva pelo uso de armas nucleares, biológicas e químicas que, se o homem sobrevivesse, voltaria a lutar com paus e pedras. Outros dizem que tudo se trata de uma articulação perversa dos “Iluminatti”, e tal grupo sobreviveria em bunkers já construídos subterraneamente em lugares inusitados do planeta. E estes já possuiriam um plano de domínio absoluto, figurando aqueles que viveriam no suposto período “após o arrebatamento” da igreja e dominariam o mundo.
Todo o cenário parece estar bem alarmante e preocupante. Estudiosos da Bíblia, e os que falam em nome de profecias da parte de Deus, alertam a humanidade pra esses eventos. E de fato, muitos eventos tem se assemelhado aos preditos pelo próprio Jesus e pelos apóstolos. Podemos ter uma certeza: Muitos são os sinais de que a vinda do nosso Senhor está próxima. Porém é necessário haver cautela e observação. É necessário que não nos desviemos daquilo que é realmente central e essencial.
- Confira também: “Cadê o fim do mundo?” – tribulação, ressurreição e arrebatamento.
Quem deseja compreender melhor os sinais, deve se apegar ao que Jesus, os apóstolos e os profetas disseram.
E o que quero dizer com não se desviar? Muitas coisas podem nos desviar daquilo que Jesus tratou como primordial. Os extremismos escatológicos podem ser uma delas, a ênfase equivocada nos sinais podem nos aterrorizar. Mas alguém pode perguntar: Como saber o que Jesus tratou como primordial? Podemos chegar a essa conclusão analisando as últimas palavras de Jesus antes da crucificação e suas últimas palavras antes de retornar para o Pai. As últimas palavras de um homem geralmente revelam aquilo que ele mais deu importância na vida.
No capitulo 26 do evangelho de Mateus, o escritor inicia a ideia da seguinte forma:
“Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos, disse a seus discípulos: Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mateus 26:1).
A partir daí inicia-se uma violenta e injusta narrativa até a cruz. E que ensinamentos foram esses que Jesus compartilhou antes de iniciar o momento mais “crucial” de sua passagem pela terra? O que Jesus ensinou nos capítulos 24 e 25 de Mateus, antes de iniciar a sequência de eventos que o levam à crucificação
Ele ensinou sobre os sinais de sua vinda, sobre o juízo das nações com um enfoque muito claro em uma virtude: A fidelidade. Jesus viveu anos até iniciar seu ministério e quando o iniciou, se dedicou de maneira focada no treinamento e serviço à uma dúzia de homens comuns porém disponíveis e crédulos. Dedicou seu tempo mais precioso e especial a eles e conviveu com eles de forma íntima, desprendida e concentrada. E pelo relato registrado no livro de Mateus, antes da “via crucis” , Jesus contou algumas parábolas:
- O julgamento das nações que tem um enfoque claro no serviço aos que Ele chama de pequeninos. Os que foram selecionados como ovelhas se surpreenderam pois foram revelados de que eram observados enquanto viviam a vida comum servindo.
- A parábola dos talentos: outra vez um claro enfoque em uma vida não centrada em si mesmo e sim na atribuição dada pelo dono da vida.
- A parábola das dez virgens: uma advertência à atenção, sensibilidade e relacionamento com o Espírito constantes.
- A parábola do servo: um quadro pintado por Jesus de como Ele deseja encontrar seus filhos – fiéis e comprometidos em servir uns aos outros.
Observe que toda a preocupação de Jesus antes de sua crucificação foi em deixar claro como Ele gostaria de nos encontrar. Sua agenda e ensino estavam focados em como devemos viver sem nos preocupar demasiadamente com os sinais. Os sinais apenas avisam. Mas: “Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim” (Mateus 24:46)
Mais importante do que nos alarmarmos ou tentarmos convencer as pessoas de que estamos certos, precisamos nos ocupar da obra comissionada a nós:
- Ser e fazer discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mateus 28:19-20).
- Ser parte daqueles que carregam ESTE evangelho: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mateus 24:14).
E o que podemos fazer? SER, trabalhar, servir, esperar e apressar a Sua vinda!
“Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus” (II Pedro 3:11).
Em Cristo,
Ideraldo Costa de Assis
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