Um desfavor ao testemunho cristão no mundo
Hoje assisti um vídeo em que uma psicóloga cristã estava propondo o seguinte desafio ao canal Porta dos Fundos e a outros humoristas:
“Desafio vocês, comediantes que amam satirizar Jesus Cristo, que façam o mesmo com o Profeta Maomé, os islâmicos e os muçulmanos. E aí, Porta dos Fundos… vão encarar ou só perseguem cristãos mesmo?”
No transcorrer do vídeo é feita a seguinte declaração:
“Nós somos cristãos, nós não somos criados para agir com violência com ninguém. Nós não somos criados pra bater, pra xingar, pra brigar. Nós somos criados pra orar e pra ficarmos quietos, no nosso cantinho. Mas isso tá mudando. Vocês estão nos ensinando bem. Nós estamos aprendendo e nós estamos saindo de dentro dos nossos casulinhos das igrejas. Nós estamos colocado as asinhas pra fora, porque vocês estão nos ofendendo tanto, mas tanto, mas tanto, que está mexendo com o nosso orgulho. Nós vamos começar a defender o nosso Deus”.
Logo em seguida é proposto o desafio, considerando que os humoristas não teriam coragem suficiente para brincar com a fé islâmica.
Ao assistir esse vídeo, minha reflexão se voltou para dois textos bíblicos:
“Aquele que afirma que permanece nele [Cristo], deve andar como ele andou” (I Jo. 2:6).
“…Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos. … Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça” (I Pedro 2:21-23).
Considerando que nós, cristãos, temos o dever de andar nos passos de Jesus, creio que devemos fazer algumas reflexões:
1. Será que Jesus, ao ser ultrajado por um grupo humorístico, gravaria um vídeo para se defender, se explicar ou exigir respeito? Será que ele proporia um desafio a esse grupo? Ao ler o Novo Testamento, conseguiríamos imaginar Jesus fazendo esse tipo de coisa?
Não. Eu não consigo imaginar. A postura de Jesus quanto à perseguição e o seu ensino sobre o tema sempre foi muito claro e direto:
“Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mt. 5:11,12).
Nossa reação em meio à perseguição deve ser de alegria pela honra de padecer pelo nome de Jesus. Se um vídeo de humor já causa toda esse estardalhaço entre cristãos, será que estaríamos preparados para a verdadeira perseguição e para dar a nossa vida pelo nome de Jesus?
Qual foi a reação dos apóstolos ao serem perseguidos pelo Sinédrio? Propuseram algum tipo de retaliação? Não. Certamente, não. A reação foi de alegria
“Os apóstolos saíram do Sinédrio, alegres por terem sido considerados dignos de serem humilhados por causa do Nome” (At. 5:41).
- Confira: Cristofobia te assuta?
2. Jesus, ao ser ultrajado, se entregava ao que julga retamente. Não deveríamos nós fazer o mesmo e confiar na justiça de Deus? Afinal, “não agirá com justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn. 18:25). Será que deixamos de conhecer aquele que diz “Minha é a vingança; eu retribuirei” (Rm. 12:19; Hb. 10:30).
3. Se estamos sofrendo perseguição, como devemos tratar aqueles que se colocam como nossos inimigos? Temos o dever de observar mandamentos como os seguintes:
“Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem… Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Rm. 12:14-21)
“Não retribuam mal com mal nem insulto com insulto; pelo contrário, bendigam; pois para isso vocês foram chamados, para receberem bênção por herança. …Quem há de maltratá-los, se vocês forem zelosos na prática do bem? Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes. Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados” (I Pe. 3:9-14).
- Confira também: A vingança é minha!
4. Jesus precisa que o defendamos? Certamente não. Ele não precisa de defensores. Na verdade, é Ele que nos defende. Nossa missão na defesa da fé consiste tão somente na pregação genuína do Evangelho, e só. Ele é o nosso advogado, e não precisa que o defendamos.
5. Se consideramos que nossa fé está sendo desrespeitada, é sensato desafiar um grupo de humor a desafiar a fé dos outros, no caso, os muçulmanos? Como fica o mandamento: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam” (Mt. 7:12)
Conduzido por essas reflexões, só posso concluir que o desafio feito no vídeo citado em nada, absolutamente em nada condiz com o estilo de vida que se espera de um cristão. O conteúdo do vídeo é triste e lastimável, e com pesar digo que é um verdadeiro desfavor ao testemunho cristão no mundo.
Somos chamados a ser luz do mundo, mas se dependesse de discursos como o do referido vídeo, o mundo permaneceria no escuro.
Contudo, o que me enche de esperança e consola o meu coração é saber que graças a Deus, ainda tem sido preservado, em muitos lugares, um testemunho genuíno e verdadeiro do Evangelho.
Em Cristo,
Anderson PazGoogle+ Anderson Paz
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