Reedificando o que destruí
“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor.” Gálatas 2:18
Hoje, enquanto lia a carta de Paulo às igrejas da Galácia, deparei-me com esta advertência. Sei que o apóstolo está se referindo ao perigo de alguém que deixou a justificação pela lei ao receber o evangelho da graça e depois voltou a apelar para a lei que não tem mais poder sobre aqueles que morreram para ela, uma vez que foram crucificados com Cristo. Mas, refleti sobre práticas, modelos e estruturas que abandonamos quando recebemos o senhorio de Cristo, o evangelho do reino, a revelação da igreja e depois de algum tempo resgatamos por costumes, por medo, por tradição, por ignorância ou por acharmos que se não voltarmos ao modelo antigo, não alcançaremos o fruto desejado.
O que abandonamos quando fomos revelados acerca do reino de Deus?
Na verdade, o abandono se deu, por conta de uma revelação fundamental: O primeiro e único fundamento foi JESUS CRISTO É O SENHOR! Jesus Cristo, O Centro. O evangelho do reino, só é do reino porque Jesus Cristo é o Senhor. O senhorio de Jesus é que fez toda a diferença. Foi crer em Jesus “Senhor” que mudou a nossa forma de ler a bíblia e lidar com Seus mandamentos. Esta revelação transformou nossa visão da salvação, da obra, da liturgia, da eclesiologia, mudou nossa linguagem, nossa missiologia e metodologia, etc.
Como se deu isso?
Quando Jesus foi revelado como SENHOR de nossas vidas, a Sua autoridade máxima nos levou a buscar e entender que não poderíamos viver para NÓS MESMOS e portanto, a obra teria que ser feita de acordo com ELE, com o SEU projeto e não mais de acordo o modelo humano que herdamos. Abaixo eu relacionei alguns pontos, só para cooperar com a nossa reflexão:
1) O propósito eterno de Deus se tornou a visão da obra. Fomos revelados de que Deus quer que sejamos COMO Jesus, para que Jesus seja O PRIMOGÊNITO entre MUITOS irmãos, ou seja que Deus PAI tenha UMA família de MUITOS filhos à semelhança do SEU primogênito JESUS CRISTO. Nisto O PAI é glorificado! (Romanos 8:28-29)
2) O centro do culto deixou de ser o homem e passou a ser Cristo e isso mudou até a nossa liturgia nas celebrações da igreja. A vida da igreja estava centrada da reunião geral que chamávamos de culto. Descobrimos que o culto começou quando nos rendemos a Cristo e portanto “o véu que separava, já não separa mais e a luz que outrora apagada, agora brilha e cada dia brilha mais.” (letra de uma canção de Asaph Borba). Naqueles dias, até o chamado culto era voltado para os homens. As músicas (chamadas de corinho) eram para esquentar o culto e não podiam ser longas para não cansar os irmãos e convidados. As mensagens, em sua maioria, eram para evangelizar os incrédulos. Formávamos consumidores ao invés de discípulos de Jesus.
A maior contradição é quando O Servo Jesus possui discípulos que não servem. Como seremos à Sua imagem?
3) A igreja deixou de ser um prédio ou mesmo uma reunião, para ser uma família, um corpo, um exército, um templo, uma casa móvel que ora. O seu culto passou a ser um estilo de vida e os seus encontros maiores foram chamados de celebração.
4) Passamos a nos preocupar com a língua e com a linguagem pois entendemos que algumas palavras erradas poderiam deformar os novos, como títulos equivocados, adjetivos confusos, termos mal empregados. Exemplo: Paramos de usar a função como título. Pastor não é título, pastor é função, como dentista. Jesus é o Sumo Pastor e não não o chamamos de SUMO PASTOR Jesus. E mesmo sendo ELE SENHOR DOS SENHORES, muitas vezes só o chamamos de Jesus. “A minha igreja” deu lugar para “a igreja do Senhor Jesus”. O prédio da igreja deixou de ser chamado de igreja, pois igreja somos nós. Também passamos a nos saudar com ósculo santo e nos tratar de forma mais carinhosa como uma verdadeira família. Todos queriam ser discípulos do Senhor Jesus e não apenas “evangélicos”.
5) O discipulado se tornou o COMO realizar a obra, pois Jesus se fez MODELO na realização do ministério. A missão deixou de ser INFORMAR CRENTE para FORMAR DISCÍPULOS. Deixamos a informação pela formação – Passamos a entender que a escola dominical, seminários e púlpitos, informam, mas não formam. O discipulado relacional substituiu os seminários, as escolas dominicais, e de uma certa forma o púlpito. Percebemos que o púlpito e as reuniões no “templo” pareciam santificar os encontros da igreja. Em alguns casos o púlpito, diziam os antigos, ficava no santíssimo lugar. A idéia de comparar o prédio da igreja com o tabernáculo trouxe esta confusão. Descobrimos que no nosso quarto, na nossa sala, na nossa cozinha, no nosso quintal, no nosso escritório e até nas ruas, Cristo pode estar presente e ser celebrado, desde que dois ou três congreguem em Seu Nome. “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” Mateus 18:20, RA.
Eu poderia passar o dia inteiro escrevendo sobre as coisas que destruímos por conta das verdades que encheram os nossos corações, mas neste momento eu só quero que alguém leia esta pequena mensagem e reflita sobre a importância de não tornar a edificar aquilo que já foi destruído. O que fazemos por revelação e não por tradição, deve permanecer. O senhorio de Jesus em nossas vidas mudou o centro. O centro da vida, o centro do culto, o centro da obra…
No amor do Senhor Jesus,
Sérgio Franco
Twitter: @francoamd7 Facebook: https://www.facebook.com/sergio.franco.servolivre- Poligamia na Bíblia e o casamento hoje - 25 de fevereiro de 2019
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