A quem você deve sua vida?
“O que somos não devemos a mais ninguém além de Deus, nossos pais, nossos professores e principalmente nós mesmos”.
Na última semana li a frase acima no Twitter. Não conheço quem a escreveu, mas essa declaração me fez pensar em duas coisas.
A primeira delas é o fato de que, até o momento em que encontramos Jesus, tudo o que fomos até então se deve principalmente a nós mesmos, às nossas escolhas certas ou erradas. Mas, a partir do momento em que recebemos a Jesus, e nos tornamos filhos de Deus, principal elemento da nossa identidade, já não podemos dizer que o que somos se deve principalmente a nós afinal filhos de Deus não nascem “por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (Jo. 1:13). Portanto, um cristão não poderia concordar plenamente com o tweet acima.
A segunda coisa que esse tweet me fez pensar foi no personagem bíblico chamado Filemon, um cristão da cidade de Colossos, a quem Paulo dedica uma carta chamando-o de “amado cooperador”. Paulo declara que sempre lembrava da fé e do amor que Filemon tinha pelo Senhor e por todos os cristãos. A carta tem um tema específico: Onésimo, servo de Filemon que teria fugido e que foi evangelizado por Paulo na prisão. Com sua carta, Paulo pede a Filemon que receba Onésimo novamente. Entre os versículos 17 ao 19, Paulo faz a seguinte declaração: “Assim, se você me considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a mim. Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta. Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei — para não dizer que você me deve a sua própria pessoa”.
E o que toda essa história tem a ver com o tweet citado no início desse post? Ora, a respota se encontra na última parte do versículo 19:“para não dizer que você me deve a sua própria vida”. Certamente, Filemon diria que devia sua vida não apenas a “pais e professores”, mas também a Paulo.
Quando decidimos seguir a Jesus somos inseridos na família do Pai, experimentando relacionamentos firmes e profundos, exercitando o cuidado mútuo e praticando o amor. Afinal, esse foi o mandamento de Jesus: “Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (Jo.13:34-35). Como membros do Corpo de Cristo, devemos estar bem-vinculados uns aos outros, afinal, por meio desses vínculos, somos supridos em nossa caminhada cristã (Cl. 2:19).
Portanto, viver igreja é experimentar a comunhão no corpo de Cristo de tal forma que contraiamos dívidas uns com os outros. É claro que com isso não estou falando em dívidas financeiras, ou em dívidas morais resultantes de danos que causemos aos outros. Falo tão somente de se envolver de tal forma com a Igreja que tenhamos dívidas de gratidão e de honra, dívidas que são impagáveis e que consistem em sentimentos que nutrem a estima, a consideração de uns pelos outros, ou, como Paulo fala em Rm.12:10, o “preferir em honra uns aos outros”.
Como é feliz o cristão que pode identificar em outro alguém a quem deva sua vida, seu ministério, sua família etc.
REFLEXÃO
Quero encerrar esse texto te levando a refletir. Até que ponto você está comprometido a viver em vínculos fortes e profundos no Corpo de Cristo? Que cresçamos na compreensão e revelação do grande tesouro que o Senhor tem depositado em meio à sua Igreja.
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