Falar é fácil. Tem que viver.
Os capítulos 5, 6 e 7 do livro de Mateus descrevem a essência da vida cristã. Neles Jesus discorre sobre vários temas, ensinando qual deve ser a conduta de um discípulo seu. Conduta esta que é resultado de uma natureza mudada, um coração transformado.
A riqueza destes registros é de valor inestimável, mas o seu desfecho revela o que vai além de admiráveis princípios de vida explicados com eloquência e lucidez. É muito mais do que belas palavras de sabedoria. Nos versos 28 e 29 do capítulo 7 se encontram as seguintes declarações:“Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei.”
Embora a capacidade de se comunicar e o conhecimento tenham valor, o texto não atribui a tais características a admiração dos ouvintes em face ao discurso de Jesus, mas sim a uma percepção de que Ele falava com autoridade e não como os mestres da Lei. Ora se eram mestres, com toda certeza eram bons comunicadores, conhecedores profundos de causa e provavelmente eloquentes. Todavia o que de fato tocou os corações na ocasião foi o fundamento no qual o discurso era baseado, numa genuína autoridade. Ser autoridade não é o mesmo que ter poder. Autoridade se conquista com uma vida prática. Jesus tinha autoridade porque só falava do que vivia.
Infelizmente existe muita gente que aceita viver debaixo do famoso dito popular: “Faça o que eu digo e não faça o que eu faço.” Alguns líderes, por serem carismáticos, bons comunicadores e conhecedores, se iludem com seus belos discursos e sermões impressionantes sem perceber que estão destituídos de vida e fé. Sei que não é fácil deixar de falar daquilo que se tem domínio e conhecimento, ainda mais quando as pessoas valorizam o que é dito, mas tenho certeza que tal fala até pode edificar o ouvinte, mas de nada vale para o orador, se não para levá-lo a ruína.
Como missionário e pastor sou provado constantemente quando falo, pois antes de falar devo avaliar como está minha vida prática, se a mesma me confere autoridade ou não. Pode parecer exagero, mas aceitar falar do que não se vive é uma das formas de ferir a própria consciência, gerar enfraquecimento na fé e afogar-se na hipocrisia.
Este é um assunto que diz respeito a toda qualquer pessoa e não apenas líderes, embora estes estejam muito mais expostos a tamanha cilada. Façamos então como Paulo, o apostolo, custe o que custar, não aceitemos falar do que não vivemos.
“Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado.” (1 Co. 9:27)
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