Família

Casados? Até quando?

As afirmações que o Novo Testamento faz sobre o casamento são suficientemente claras para responder de forma definitiva a qualquer pergunta sobre a duração do casamento. 

Como já foi dito anteriormente, o casamento não é um contrato ou um acordo onde as partes podem negociar cláusulas sobre duração, rescisão, exclusividade, etc. A verdade é que nem mesmo os papéis dos cônjuges são estabelecidos por acordo ou negociação, pois o casamento é instituído por Deus. Quando homem e mulher entram em aliança, eles aderem a uma instituição cujo funcionamento foi determinado pelo Senhor.

Quando Deus criou o casamento também deu uma duração para o mesmo. Foi Ele quem uniu o casal e, portanto, o casamento deveria durar enquanto viverem os cônjuges. Como Jesus declarou: “o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6). Não há dúvida alguma de que, com a morte de um dos cônjuges, o outro se torna livre para contrair novas núpcias (Romanos 7:2,3; I Coríntios 7:39; I Timóteo 5:14). Jesus deixou claro que o casamento é uma instituição que existirá apenas durante a presente era, pois “na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento” (Mateus 22:30).

Sendo assim, haveria pouco a se discutir sobre o divórcio, pois só restaria um único ponto a ser estudado: a cláusula de exceção (Mateus 5:32 e 19:9). Poderíamos apenas discorrer sobre o significado de porneia, pois tudo o que não se enquadrasse nessa exceção não poderia ser usado para dar base a um divórcio. 

Entretanto, apesar da clareza do ensino bíblico, ainda nos deparamos com uma corrente muito disseminada no meio cristão que defende a ideia de que, desde que o casal se divorcie legalmente, os ex-cônjuges estariam livres para casar com quem quiserem. E isso poderia se repetir várias vezes, sempre que houvesse um divorcio legalizado. Esse pensamento está bem disseminado em várias igrejas evangélicas, novas ou antigas, pentecostais ou não pentecostais. Não é raro encontrarmos pessoas que estão no terceiro ou quarto casamento achando isso muito normal pois, para eles, o pecado é não se divorciar legalmente e passar a morar junto com alguém sem estar casado.

É possível que haja dúvidas sinceras sobre a abrangência da palavra porneia na cláusula de exceção. Alguém pode ter dúvidas sobre que tipos de pecados sexuais estariam inclusos nessa expressão, como estudaremos nos próximos capítulos. Porém, é uma agressão frontal e direta à Palavra de Deus supor que o divórcio seja permitido por alguma razão que não seja porneia. Se o divórcio fosse lícito por qualquer motivo, Jesus teria respondido afirmativamente à pergunta dos fariseus em Mateus 19:3. Mas não foi isso que o Mestre fez. Pelo contrário, o Senhor afirmou categoricamente: “o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6).

Os textos de Mateus 5:31,32; 19:3-13; Marcos 10:1-12; Lucas 16:18; Romanos 7:1-4; I Coríntios 7:10–15,39 e Hebreus 13:4 nos mostram claramente que:

    1. O vínculo matrimonial é realizado pelo próprio Deus: “O que Deus ajuntou”;
    1. O vínculo matrimonial é também uma unidade física: “Uma só carne” – é  por isso que alguém que tem relações sexuais com um corpo que não lhe pertence está adulterando;
    1. O vínculo matrimonial não pode ser desfeito pelo homem: “Não separe o homem” – as leis humanas podem ser contrárias, mas quem define tudo sobre o casamento é Deus e a justiça do Reino. Portanto, o casamento só poderia ser desfeito a partir do que o próprio Deus diz em Sua Palavra;
    1. A vontade de Deus é que o vínculo dure enquanto os dois cônjuges estão vivos: “A mulher está ligada ao marido enquanto ele viver” – só a morte deveria separá-los;
  1. A vontade de Deus é que os cônjuges não se separem: “Que a mulher não se separe do marido… e que o marido não se aparte da sua mulher”.

Então, se Deus não quer que a pessoa se aparte, quanto mais que se divorcie, pois Ele não quer “oficializar o repúdio”. A separação não está de acordo com a vontade de Deus.

Ao adotarmos certa posição sobre um tema bíblico, precisamos refletir sobre o impacto dessa posição sobre os textos que tratam do assunto. Se o casamento pudesse ser dissolvido por qualquer motivo, como entenderíamos o mandamento dados aos maridos para que estes amem suas esposas como Cristo amou a igreja e deu sua vida por ela? (Efésios 5:25). Isso só pode ser compreendido à luz da verdade de que a união conjugal foi planejada por Deus para ser duradoura, sendo dissolvida, em regra, apenas pela morte de um dos cônjuges.

Os mandamentos para os cônjuges não se resumem à fidelidade e a não se divorciarem. Os maridos devem amar suas esposas como Cristo amou a igreja, não devem tratá-las com amargura (Colossenses 3:19), e devem honrá-las como vaso mais frágil que são (I Pedro 3:7). As esposas devem amar, respeitar e se submeter a seus próprios maridos (Efésios 5:22-24, Colossenses 3:18, I Pedro 3:1-6; Tito 2:3-5).

À luz desses mandamentos podemos dizer que não basta não se divorciar. O repúdio é algo que começa no coração. A pessoa rejeita em seu interior, divorcia e repudia no exterior. Antes de expulsar alguém da sua casa a pessoa o expulsa do seu coração. Em nossa sociedade, muitos homens estão casados há 30, 40 anos, mas em seu coração já repudiaram suas esposas há muito tempo. Se o pecado se resumisse ao divórcio, então esses homens estariam bem diante de Deus. Porém, como mandamento é amar, eles estão muito mal, pois mesmo casados, seguem sem amor com suas esposas.

Defender o divórcio por qualquer razão, é pecar contra o Senhor e dar sustentação para muitos adultérios. Um casamento não pode ser desfeito sob desculpas como a incompatibilidade de gênios ou porque “o amor acabou”. Jesus só menciona uma única exceção para o divórcio. Infelizmente, em nome de doutrinas humanas, muitos pecados têm sido alimentados em meio à igreja. Que o nosso coração se encha de temor a Deus e de fidelidade à Sua Palavra.

Casamento, imoralidade sexual e divórcio 2
Extraído do livro “Casamento, imoralidade sexual e divórcio”
Formato Físico: 
Loja Servo Livre
Formato e-book: Amazon  e Apple Books.
Autores: Sérgio Franco e Anderson Paz
Editora Apê Criativo

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