“A CABANA” e os nossos sentimentos
“A Cabana” trata-se de uma obra literária de cunho particular e não se autodenomina cristão. Uma visão artística e muito particular do autor acerca de Deus, onde ele tenta dar respostas para pessoas que estão afundadas nas grandes dúvidas sobre o caráter divino. Até onde sei o autor não se auto-intitula como cristão, embora todo plano de fundo da obra se passe em uma cultura cristã norte-americana. Não tem como não observar a inteligência e criatividade com que o autor desenvolveu as metáforas e alegorias muito presentes no filme. Fruto de uma mente habilidosa e também conhecedora de parte das escrituras, mas principalmente dos “furos” que a religião deixa como margem para dúvida.
Existem detalhes importantes que levariam muito tempo para aprofundar como a personificação de Deus Pai na mente do autor como uma mulher. Esse tópico polêmico, em minha opinião, perde um pouco de sua importância diante da mensagem central do filme. Mensagem essa que abandona completamente fundamentos bíblicos essenciais ao nosso relacionamento com o próprio Deus que tentarei resumir em pequenas observações.
Observação 1: O filme deixa claro o pensamento de que Deus não faz distinção entre filhos e criaturas. Um princípio que sempre causa uma estranheza na cabeça humanista das pessoas, pois choca frontalmente nosso orgulho. Essa falta de critério, caracteriza o universalismo. Conceito que defende a ideia que fomos todos reconciliados automaticamente no ato do sacrifício de Jesus sem a necessidade de arrependimento. Fomos ensinados de forma equivocada de que todos são filhos de Deus. Contudo, a Sua palavra deixa clara essa distinção:
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1:12)
Observação 2: Em um dos muitos diálogos extensos do filme, o Pai, personificado por uma mulher, tenta responder a acusação do personagem principal de que “Ele” seria um Deus mau por que não poupou o seu próprio filho da morte cruel e tampouco poupou sua filha de um assassinato brutal. Em resposta, o “Papá”, como é chamado no filme, responde que Ele estaria sendo crucificado junto com o filho, enquanto o filme mostra em segundo plano as chagas nas mãos do personagem. Fato que alteraria completamente todo o sentido do sacrifício do filho na cruz. Pois o filho precisava vencer a morte em seu sentido original de separação do Pai para que nós hoje tenhamos Sua vida.
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32)
“muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Hebreus 9:14)
Observação 3: O juízo eterno: O filme deixa no ar a ideia de que Deus se omitiu de julgar o mundo quando decidiu, “Ele mesmo”, vir para morrer pelo pecador, salvando de forma única a todos através de seu sacrifício.
Nos arrependemos de nossos pecados, damos o governo de nossas vidas à Jesus Cristo e consequentemente vivemos para Ele e sua glória. Tudo isso, fruto de sua graça que repousa sobre os pequeninos.
“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Romanos 10:9-10)
“Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” (Atos 17:30-31)
“Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.” (João 12:47-48)
Observe que ainda em carne, Jesus ensina um princípio interessante. Ele estabelece de forma cronológica como se dará o juízo em que Ele irá presidir. E também deixa claro o critério em que se dará esse julgamento. Ele julgará sim o mundo, a partir de sua palavra.
Confesso que não tinha interesse particular em ver “A Cabana”, mas depois de ser questionado por alguns amigos, entendi a necessidade de adquirir através de meu próprio discernimento, uma visão imparcial sobre a obra. E ao ver essa história, me pus a refletir em como as artes tem o poder devastador de abrir o campo de nossa mente, tornando-a um solo fértil para qualquer tipo de mensagem. Se alguém é presidido diariamente pelas emoções ou razão, é facilmente manipulado pelos artifícios e emocionalismo muito presentes no filme. Por isso deixo aqui minha singela recomendação: Não deixe o sentimentalismo roubar seu discernimento espiritual. O qual deve ser fruto de comunhão sincera, profunda e exercitada com o próprio Deus e Sua palavra.
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