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Ressurreição dos mortos: O que é isso?

Ressurreição dos mortos? O que eu tenho a ver com isso?

Um dos princípios considerados elementares da doutrina de Cristo é a ressurreição dos mortos. Um tema pouco falado e conhecido da maioria da Igreja. Pelo que já ouvi e vi por aí, até mesmo os cristãos compreendem pouco o assunto, mesmo ele sendo tão central para a fé que temos em Cristo. Pelo que encontramos nas Escrituras, se tratava de um assunto básico e inicial para a igreja no primeiro século. E para nós, cristãos da atualidade, pode provocar até mesmo um certo assombro. Por que será que entendemos tão pouco desse assunto de total relevância para a fé?

Antes de mais nada, vamos a uma compreensão mais geral sobre o que se trata a ressurreição dos mortos.

O autor da carta aos Hebreus enquanto advertia aquela igreja, chamou a atenção para o quanto já deveriam ter alcançado a compreensão e a prática de temas mais sólidos e profundos. Portanto, segundo seu discernimento, percebeu que careciam de um ensino mais básico sobre temas que chamou de princípios elementares que fundamentam a doutrina de Cristo:

“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno” (Hebreus 6:1-2).

Nesse texto, o tema é apenas citado mas em outras ocasiões é aprofundado. Paulo explica aos Coríntios:

“Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (I Coríntios 15:50).

Paulo explica com simplicidade. Vivemos nesse corpo apenas um lado da eternidade. Não é possível com essa matéria herdar o reino de Deus. Por uma razão simples: Nossa carne, nosso corpo é corruptível, caído e carece de uma transformação especial para viver na eternidade. Com isso afirma a garantia que Jesus nos deu: Seremos regenerados completamente através da ressurreição.

Deus é Deus de vivos! Esse é o motivo da ressurreição dos mortos.

Jesus ensina que Deus vê todos em seu estado real. Os que para nós estão mortos, para Deus estão vivos, serão ressuscitados e regenerados. Por isso afirmou:

“E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem” (Lucas 20:37-38).

E na ressurreição dos mortos cada um desfrutará segundo as suas obras. Jesus declarou:

“Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28-29)

O profeta Daniel também já havia falado sobre a ressurreição dos mortos:

“Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente. … Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança” (Daniel 12:2-3,13).

Rumo ao completo (Perfeito)

Jesus trata o tema com muita naturalidade e também chama a ressurreição de regeneração, se referindo a uma evolução para algo completo:

“Então, lhe falou Pedro: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós? Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mateus 19:27-28).

A verdade é que o Senhor preparou uma salvação completa. Essa obra começou no nosso espírito, com o novo nascimento. Em nosso espírito, essa obra já está completa. Nossa alma (nossa razão, vontade e emoção) está sendo transformada, santificada. E a redenção dos nossos corpos acontecerá na ressurreição, onde a morte será definitivamente destruída (I Coríntios 15:54-57).

Por isso que  estamos uma habitação provisória, que irá se desfazer. Porém esperamos nossa habitação definitiva, o corpo glorificado:

“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial; se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus. Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (II Coríntios 5:1-5).

O Espírito Santo em nós é a garantia que seremos redimidos integralmente. No Espírito fomos selados para o dia da redenção (Efésios 4:30, Romanos 8:23,24).

Sabemos que a ressurreirção no fim dos tempos não será a ressurreição do corpo anterior, como foi no caso de Lázaro ou da filha de Jairo. Será algo totalmente diferente, pois recebermos um corpo glorificado.

“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” (Filipenses 3:21,22).

Semeando um grão

Para ilustrar essa transformação, Paulo compara a nossa ressurreição dos mortos ao plantio de uma semente que morre para nascer algo superior e completo:

“Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer; e, quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado” (I Coríntios 15:35).

“Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” (I Coríntios 15:42-44).

E quando isso acontecerá?

A igreja de Tessalônica estava passando por uma profunda tristeza por pensar que aqueles irmãos que morriam antes da volta do Senhor não iriam presenciar esse acontecimento. Então Paulo escreve para aquela igreja explicando que aqueles que morreram no Senhor ressurgirão primeiro. Imediatamente os que estiverem vivos serão transformados, e todos irão encontrar com o Senhor nos ares. O apóstolo nos explica a ordem os acontecimentos:

“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Tessalonicenses 4:13-17).

E repetindo as palavras de Jesus, Paulo é mais preciso:

“Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite” (I Tessalonicenses 5:1-2, cf. Mateus 24:42-4).

A ressurreição era algo almejado

“para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos” (Colossenses 3:10-11).

É um tema de tão extrema importância para nossa vida que Paulo chega a afirmar que sem a esperança da ressurreição nós somos totalmente infelizes.

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (I Coríntio 15:19).

Observe ao longo desse pequeno estudo como esse tema é central e necessário para a nossa compreensão. É por isso que se tratava de um tema tão batido, repetido, como diz Paulo no trecho de I Tessalonicenses 5:1. A esperança era viva e completamente depositada no outro lado da eternidade. Quando compreendemos isso, a nossa identificação com esse mundo fica cada vez mais frágil.

Penso que a resposta para a pergunta do início do texto é muito simples. Por que sabemos e falamos tão pouco da ressurreição dos mortos? Minha avaliação é que estamos mais plantados nessa terra do que deveríamos. Como renascidos em Cristo e detentores dessa revelação, nossa perspectiva não deveria estar tão arraigada no amor por esse mundo. Amamos tanto esse lado passageiro que pensamos pouco e nos preparamos pouco para o que há de vir. Por isso, muitos de nós acumulam riquezas, alimentamos sonhos e criamos tanta expectativa aqui. E esse pensamento nos faz prisioneiros dessa terra.

Continuamos apavorados com o temor da morte que já não deveria mais nos aprisionar (Hebreus 2:14,15). Preferimos nem tocar nesse assunto. Preferimos acumular a riqueza mesmo sabendo que a traça e a ferrugem irá corroe-la. Pra quê falar de ressurreição dos mortos? Afinal de contas, ainda temos “tanto tempo a viver!!”

Sem ignorar nossa missão nessa terra, a nossa responsabilidade de fazer discípulos para o Senhor Jesus, precisamos pôr os nossos olhos no que está por vir. Afinal, “a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória” (Colossenses 3:3,4).

Ideraldo Costa de Assis

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