Reflexões

Sua boa moral não é suficiente!

Moral, decadência e o Reino

Há mais ou menos 50 anos atrás, um pastor presbiteriano chamado Donald Grey Barnhouse, em um sermão transmitido pela rádio CBS no estado da Filadélfia especulou que se Satanás assumisse o controle da cidade, todos os bares seriam fechados, a pornografia seria banida e as ruas limpíssimas estariam repletas de pedestres arrumadinhos sorrindo uns para os outros. Não haveria palavrões. As crianças diriam: “sim, senhor” e “não, senhora”, e os prédios das igrejas estariam cheios todos os domingos… Onde Cristo não seria pregado.

Esse trecho acima é parte da introdução do livro “Cristianismo sem Cristo” de Michael Horton. E revela a percepção desse pastor que transmitiu exatamente o que penso quando vejo o espaço que o moralismo religioso ocupa na vida de muitos cristãos. Facilmente confundimos a obediência e submissão a Deus e à autoridades constituídas por Ele, com mero comportamento aceitável aos homens. Queremos ser aceitos, incluídos, valorizados, por isso agimos pela conveniência. Evitamos conflitos que não deveríamos, não somos transparentes, não confessamos nosso pecado, contamos nossos feitos para impressionar as pessoas. Podemos até trabalhar arduamente com o fim de sermos vistos. Esses são alguns exemplos que flagram o que o moralismo provoca. Confundimos o tempo todo ser bons cristãos com moralistas exemplares. Como isso pode ser visto em algumas áreas da nossa vida:

Criação de filhos

Estou no início de uma longa jornada na criação de um filho menino. Agitado, espontâneo, perspicaz e também muito abusado e independente! Faz parte. Mas percebo o quanto o meu desafio está em torná-lo em um homem com um coração “discipulável”, tratável, que sabe lidar com os próprios erros e com os dos outros. Que tema a Deus mais que a qualquer pessoa. Minha moral e criação me dizem que devo estipular regras, ensiná-lo a obedece-las e ensiná-lo a temer a um Deus que se não obedecido, de maneira justa não evitará de lançar sua alma no inferno. Uma verdade que transmitida de maneira incompleta tem todo o potencial de tornar meu filho um verdadeiro “filho do inferno”. (Mateus 23:15)

Podemos ensinar nossos filhos a serem bons cidadãos cristãos, moralmente aceitos e respeitados, mas podemos com isso estar construindo idólatras de sua própria imagem. Escravos do que os outros podem pensar. Auto justificados pelo bom comportamento diante dos homens. Como é difícil apresentar o evangelho de Cristo a alguém assim. Dificilmente entram no Reino de Deus aqueles que pensam só fazer as coisas certas.

Vida profissional e financeira

Dificilmente também entram no Reino aqueles que confiam nas riquezas. Que tem como selo de aprovação de Deus a sua prosperidade financeira. Geram riqueza para a nação e são pobres pra com Deus (Lucas 12:20-21). De maneira obstinada muitos de nós investem a maioria de seu tempo em realização profissional buscando com isso ser benquisto e bem visto pelas pessoas. Pais que empregam todo o esforço e seriedade necessárias na formação acadêmica ou profissional de seus filhos e não aplicam o mesmo esforço, nem de longe, na formação de gente arrependida, quebrantada diante de um Deus que observa o profundo e o escondido. Arrependimento? Confissão? Pra quê se está tudo certo? Se Deus me aceita como sou? (Romanos 6:1-2) Ficamos cada vez mais distanciados da gratidão que deveria nos mover quando percebemos do quanto somos perdoados todos os dias.

Arrependimento, rendição, confissão, obediência. Palavras de ordem para aqueles que enxergam sua fraqueza, que percebem que não se enquadram nas exigências da religião mas que são justificados por Cristo, que foi feito Senhor (Atos 2:36). Só se curva diante desse novo governo quem percebe que nossa moral é lixo e nossa obediência é pela fé de que podemos TUDO em Cristo que nos fortalece. Que o Espírito Santo nos mostre de maneira clara o quanto confundimos o andar de maneira digna da vocação que recebemos com o moralismo.

Ideraldo de Assis
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